toda a vida, com menor jornada no presente, em vez de um
desgaste de um intenso trabalho anos a fio, na expectativa da
aposentadoria quando, mesmo antecipando, o cidadão poderia
estar com condições limitadas para aproveitar a vida. Na reali-
dade, as novas tecnologias flexibilizam o trabalho e permitem
organização sofisticada da informação e que esta escolha seja,
inclusive individual, cada trabalhador fazendo o seu plano de
vida com a distribuição dos tempos de trabalho e liberdade ao
longo da vida, nas três formas de organização.
Se um cidadão trabalhar 8 horas por dia em cinco dias da
semana, ao longo de 30 anos de trabalho, terá dedicado 62.400
horas à produção. Reduzindo a jornada para 6 horas semanais,
poderia ter o mesmo total ao longo da vida útil, trabalhando durante
quarenta anos. Reduzindo para 20 horas semanais (4 horas por
dia), poderia trabalhar 60 anos para realizar o mesmo total de
62.400 horas. Como a expectativa de vida está aumentando
bastante, acompanhada da melhoria da qualidade de vida para os
mais velhos, parece mais razoável trabalhar pouco e sempre do
que trabalhar muito apenas durante a idade jovem e adulta, para
uma duvidosa e, talvez, curta aposentadoria. Além disso, diluindo
o tempo livre ao longo dos anos (em vez de concentrar depois da
aposentadoria) o trabalhador chegaria à velhice com mais quali-
dade de vida e saúde que garantiriam uma continuada vida ativa,
com trabalho e ócio. Em resumo: para que se aposentar se é possí-
vel trabalhar menos ao longo da vida, vivendo mais e melhor, “apro-
veitando a vida” sempre e não apenas na velhice?
A “quarta revolução industrial” acelera, contudo, duas outras
grandes mudanças que permitem refinar alguns conceitos e
hipóteses anteriores: em primeiro lugar, o trabalho não é mais e
apenas carga e espaço da necessidade, como considerava o filó-
sofo Karl Marx, e analisava Hannah Arendt. O trabalho tem
sido, cada vez mais e em determinadas áreas, o terreno da cria-
ção humana (“Werk” e não “Arbeit”, como diferencia Arendt 1 ) e
mesmo continuando sendo diferente de “tempo livre” (o poder de
decidir sobre o seu uso em atividades lúdicas, intelectuais e
culturais, ou apenas ao ócio), é parte central da realização e
reconh