As origens
O conceito de economia criativa origina‐se do termo indústrias
criativas, por sua vez inspirado no projeto Creative Nation, da
Austrália, de 1994. Entre outros elementos, este defendia a impor-
tância do trabalho criativo, sua contribuição para a economia do
país e o papel das tecnologias como aliadas da política cultural,
dando margem à posterior inserção de setores tecnológicos no rol
das indústrias criativas.
Em 1997, o governo do então recém‐eleito Tony Blair, diante de
uma competição econômica global crescentemente acirrada, moti-
vou a formação de uma força tarefa multissetorial encarregada de
analisar as contas nacionais do Reino Unido, as tendências de
mercado e as vantagens competitivas nacionais.
O que se destaca, nessa iniciativa, é a) sua visão de parceria
entre público e privado, de modo a desenhar um programa estra-
tégico para o país, com benefícios e responsabilidades comparti-
lhados; b) a articulação transversal, compreendendo de diferentes
setores e pastas públicas, como cultura, desenvolvimento,
turismo, educação, relações exteriores, entre outras.
Nesse exercício, foram identificados 13 setores de maior
potencial, então nomeadas indústrias criativas. A partir disso, o
conceito britânico, incluindo as indústrias selecionadas, foi
replicado para países tão diversos como Cingapura, Líbano e
Colômbia, independentemente das distinções de seu contexto e
sem contemplar de chofre o potencial que essas indústrias espe-
cíficas teriam (ou não) para equalizar polarizações socioeconô-
micas nos distintos países.
Entretanto, o maior mérito do sucesso do programa britânico
foi o de ter engendrado reflexões acerca de mudanças profundas e
estruturais que se fazem necessárias no tecido socioeconômico
global e nos embates culturais e políticos que ora enfrentamos.
Não por menos a economia criativa tem suscitado discussões e
estudos em áreas não puramente ligadas a uma política indus-
trial ou econômica, mas tão vastas como atinentes à revisão do
sistema educacional (questionando a adequação do perfil dos
profissionais de hoje e anunciando a emergência de novas profis-
sões), a novas propostas de requalificação urbana (gerando proje-
tos de clusters criativos e o reposicionamento das chamadas cida-
des criativas), à valoração do intangível cultural por parte de
instituições financeiras (clamando por modelos de mensuração
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Ana Carla Fonseca