O imprevisível 2018 PD49 | Page 110

nente supérfluo no processo de produção/serviços de mercado- rias, que passam a ser produzidas pelo trabalho humano objeti- vado na automação/robotização dotados de inteligência artificial. O robô ou toda expressão de automação, informação, cognição artificial, formas superiores do chip e dos softwares, criações humanas, conhecimento humano acumulado ao longo de pelo menos dez mil anos, por mais sofisticados que sejam, não nascem, primariamente, em árvores, cachoeiras mágicas, alienígenas, nem brotam do solo da terra e nem caem dos céus. “A natureza não constrói máquinas nem locomotivas, ferrovias, telégrafos elétricos, máquinas de fiar automáticas etc. Elas são produtos da indústria humana; material natural transformado em órgãos da vontade humana sobre a natureza ou de sua atividade na natu- reza. Elas são órgãos do cérebro humano criados pela mão humana; força do saber objetivada”. 16 “Assim como com o desenvolvimento da grande indústria a base sobre a qual esta se funda – a apropriação do tempo de trabalho alheio – deixa de constituir ou criar a riqueza, do mesmo modo o trabalho imediato cessa, com aquela, de ser, enquanto tal, base da produção, por um lado porque se transforma em uma atividade mais vigilante e reguladora, mas também porque o produto deixa de ser produto do trabalho imediato, isolado, e é bem mais a combinação da atividade social a que se apresenta como a produtora”. 17 O processo produtivo deixa de ser um processo de trabalho cujo elemento dominante é a força de traba- lho vivo. O que há de estudar? A transferência de valor A revolução científico-tecnológica é global, ou seja, abarca todas as áreas. A chamada Inteligência Artificial (IA) já vive em diversos (não totais) setores, não apenas manual, mas intelectual, dos siste- mas produtivos e de serviços e revoluciona a sociedade. Mas coloca ao capitalismo, que ele próprio gerou, o seu limite orgâ- nico: a sua própria superação. Sem força de trabalho como se gera a valorização do capital? Pode-se, claro, defender que a ciência é a objetivação do conhe- cimento humano no ser concreto científico-técnico-material que 16 Marx, Karl. Grundrisse: lineamientos fundamentales para la crítica de la eco- nomia política (1857-1858). V. 2. Carlos Marx & Federico Engels. Obras Funda- mentales. Trad. Wenceslao Roces. 1. ed. México: Fondo de La Cultura Econó- mica. 1985, p. 115. 17 Ibidem, p. 114. 108 Eduardo Rocha