O imprevisível 2018 PD49 | Page 102

zar os componentes naturais simples e acessíveis, como a madeira, pedras etc. para a produção dos bens necessários”. 2 Esta é uma forma embrionária, pouco desenvolvida, do traba- lho, que sofrerá transformações fantásticas, ao longo de milênios. Descrevendo os degraus inferiores e primitivos do trabalho, afirma Marx: “Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio mate- rial com a natureza. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. (...) Pressupomos o trabalho como forma exclusivamente humana. (...) Desse modo, faz de uma coisa da natureza órgão de sua própria atividade, um órgão que acrescenta a seus próprios órgãos corporais, aumento seu próprio corpo natural, apesar da Bíblia”. 3 Passaram-se milhares de anos para que o trabalho executado por ferramentas produzidas pela intervenção humana consciente fosse uma realidade e desse, por conseguinte, um salto qualita- tivo no desenvolvimento do trabalho. Os instrumentos de traba- lho – concebidos e produzidos pelo cérebro e corpo humanos atra- vés da transformação da natureza – aumentam a força física da força de trabalho humana e lhes permite superar os obstáculos produtivos que não poderiam ser vencidos com a mera e simples ajuda de suas mãos. 4 Niésturj destaca que a vida do homem primitivo estava sujeita ao perigo, à doença e à privação e resgata a seguinte passagem lenineana sobre aquela longínqua época em que se formava a humanidade: “Que esse homem primitivo obteve o que é necessá- rio para a sua subsistência como um presente gratuito da natu- reza é uma estúpida fábula. Atrás de nós não houve qualquer Idade de Ouro, e o homem primitivo ficou totalmente sobrecarre- gado com o peso de existência, devido às dificuldades da luta contra a natureza. (V.I. Lênin, ‘Obras’, 4. ed., T. V, p. 95)”. 5 2 Sávtchenko, P. O que é o Trabalho? Tradução de I. Chaláguina. Coleção ABC dos Conhecimentos Sociais e Políticos. Edições Progresso, 1987, Impresso na URSS, p. 7-8. 3 Marx, Karl. O Capital. Livro 1, V.1 . 8 ed. Trad. Reginaldo Santana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1980, p. 203. 4 Niésturj. M. F. El Origem del Hombre. 3. ed. Mir. Moscu. 1984, p. 143. 5 Ibidem, p. 312. 100 Eduardo Rocha