zar os componentes naturais simples e acessíveis, como a madeira,
pedras etc. para a produção dos bens necessários”. 2
Esta é uma forma embrionária, pouco desenvolvida, do traba-
lho, que sofrerá transformações fantásticas, ao longo de milênios.
Descrevendo os degraus inferiores e primitivos do trabalho, afirma
Marx: “Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam
o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua
própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio mate-
rial com a natureza. Põe em movimento as forças naturais de seu
corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos
recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana.
(...) Pressupomos o trabalho como forma exclusivamente humana.
(...) Desse modo, faz de uma coisa da natureza órgão de sua
própria atividade, um órgão que acrescenta a seus próprios órgãos
corporais, aumento seu próprio corpo natural, apesar da Bíblia”. 3
Passaram-se milhares de anos para que o trabalho executado
por ferramentas produzidas pela intervenção humana consciente
fosse uma realidade e desse, por conseguinte, um salto qualita-
tivo no desenvolvimento do trabalho. Os instrumentos de traba-
lho – concebidos e produzidos pelo cérebro e corpo humanos atra-
vés da transformação da natureza – aumentam a força física da
força de trabalho humana e lhes permite superar os obstáculos
produtivos que não poderiam ser vencidos com a mera e simples
ajuda de suas mãos. 4
Niésturj destaca que a vida do homem primitivo estava sujeita
ao perigo, à doença e à privação e resgata a seguinte passagem
lenineana sobre aquela longínqua época em que se formava a
humanidade: “Que esse homem primitivo obteve o que é necessá-
rio para a sua subsistência como um presente gratuito da natu-
reza é uma estúpida fábula. Atrás de nós não houve qualquer
Idade de Ouro, e o homem primitivo ficou totalmente sobrecarre-
gado com o peso de existência, devido às dificuldades da luta
contra a natureza. (V.I. Lênin, ‘Obras’, 4. ed., T. V, p. 95)”. 5
2 Sávtchenko, P. O que é o Trabalho? Tradução de I. Chaláguina. Coleção ABC
dos Conhecimentos Sociais e Políticos. Edições Progresso, 1987, Impresso na
URSS, p. 7-8.
3 Marx, Karl. O Capital. Livro 1, V.1 . 8 ed. Trad. Reginaldo Santana. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira. 1980, p. 203.
4 Niésturj. M. F. El Origem del Hombre. 3. ed. Mir. Moscu. 1984, p. 143.
5 Ibidem, p. 312.
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Eduardo Rocha