O imprevisível 2018 PD49 | Page 75

Sobre a corrupção
Arildo Salles Dória

Uma concepção de Estado – minimalista, mas, não de todo, seguramente, inexata – está em considerá-lo como síndico do condomínio social. E, daí em diante, obrigado a agir segundo a convenção elaborada em conjunto pelos próprios condôminos.

E vai por aí na vida das nações. Nós, cidadãos, elegemos um Parlamento que se encarrega de elaborar uma Constituição( ou seja, a convenção do condomínio), além de uma série de códigos destinados a reger nosso pacto social, além de uma pletora de leis ordinárias capazes de criar, regulamentar, ampliar direitos e deveres.
Com isto posto – e especialmente nos dias de agora –, vamonos deparar com uma sequência de anomalias que nos dificultam até mesmo definir qual a mais grave. Antes de mais nada, porque esses nossos representantes, por nós eleitos, vieram a subverter todo o conceito básico da ética, que é o bem, substituindo-o pelo bom. E isso, filosoficamente, se define como cinismo.
E nem precisamos esticar muito o assunto. Dia após dia, os jornais nos mostram o que ocorre nas prefeituras mais distantes, assim como nas cidades mais modernas nos estados mais ricos e, mesmo, naqueles onde as desigualdades sociais se fazem mais evidentes.
Vamos mais adiante. O chefe do Poder Executivo, ou seja, o maior responsável por que sejam as leis cumpridas, veio a ser acusado, entre outros crimes, o de chefiar uma organização criminosa para, com ela, assaltar os cofres públicos.
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