O imprevisível 2018 PD49 | Page 52

efeitos normalmente sejam maturados no longo prazo. Daí que as eleições de 2018, do ponto de vista de quem defende a democracia brasileira, deva ser encarada, com rapidez, como uma batalha urgente de ideias e não apenas como uma disputa eleitoral. Enfrentar a interpretação grosseira e simplificada que as forças das extremidades do espectro político, tanto à direita, quando à esquerda, fazem da realidade brasileira contaminando tudo isso com o discurso do ódio, do messianismo político e da retórica autoritária, que aposta na falta de memória sobre os fatos históricos de uma nação que já viu esse filme antes, é tarefa imediata para tantos quantos têm compromisso verdadeiro com as liberdades e a ordem democrática. E o campo privilegiado onde essa batalha já está se dando é sobretudo o ambiente das redes sociais onde as novas e infinitas possibilidades, tanto de informação, como de desinformação, são infinitas. A exemplo das guerras da Antiguidade e do Medievo, onde as batalhas se resolviam no corpo a corpo, a batalha das eleições de 2018, para as forças democráticas brasileiras, será muito dura, porque muito além da disputa pragmática pelo voto, estará em jogo a disputa por mentes e corações em espaço de grande vozerio e confusão de ideias. Não é algo fácil, do ponto de vista da comunicação e do debate enfrentar ideias preconceituosas, construídas em cima de simpli- ficações da realidade, estereótipos e estigmas políticos grosseiros que prosperam em momento de muita passionalidade e se valem de um alto grau de despolitização do público alvo. No entanto, não é algo impossível desde que, contra a manipulação rasteira, se oponha uma atitude político-pedagógica firme, desassombrada e sistemática em defesa dos grandes valores da convivência demo- crática, da tolerância e da cultura dos consensos e do pluralismo. Além, é claro, da rememoração dos fatos hist óricos referentes à dura batalha para fazer do Brasil um país livre e democrático. Aliado a essa preocupação central, as forças do espectro demo- crático, muito embora tenham contradições visíveis do ponto de vista dos modelos de desenvolvimento econômico-social pretendi- dos, precisam dialogar e alinhar pontos de vista e estratégias comuns, se não para convergir em candidatura de consenso – o que é muito difícil, e talvez nem desejável em momentos como o atual – pelo menos para construir uma saída consensual em provável segundo turno das eleições. E a base para essa última 50 Anivaldo Miranda