respeitadas; processo econômico eficiente e tecnologicamente
avançado. Avançamos, mas ficamos para trás em relação ao resto
do mundo e aos nossos sonhos.
O principal entrave para o país avançar, de maneira satisfató-
ria, está na concepção obsoleta de progresso, no individualismo,
na continuação do aristocracismo, na permanência do sentimento
escravocrata: o progresso é visto apenas como aumento do PIB,
mesmo com baixa produtividade e reduzida renda per capita, com
destruição da natureza e concentração de renda social; a educa-
ção de base com qualidade para todos, independentemente da
classe, não é vista como condição para o progresso econômico e
social; a universidade é vista apenas como escada social para
cada aluno, não como alavanca para o progresso nacional da
humanidade. O individualismo, o imediatismo e o conservado-
rismo são sentimentos arraigados que impedem o rumo em dire-
ção a uma nova modernidade.
A eleição de 2018 pode ser mais um risco de apenas mudar os
nomes dos dirigentes, sem mudar a realidade política, econômica
e social do Brasil; ou pode ser o momento do debate pela mudança
fundamental que o país precisa na direção de seu futuro. É muito
possível que o debate do novo não eleja políticos hoje, mas há
momentos na história em que tal debate é mais importante do que
a ilusão de cargos para manter o país em uma direção que conti-
nuará sua marcha rumo a um projeto antigo que já se esgotou.
Cada partido deve escolher entre ser um farol para o novo,
mesmo sob o risco do fracasso no presente, ou adaptar-se ao escuro
do túnel em direção a um desastre social próximo: a continuação
do atraso e o aprofundamento da desarticulação social. O Brasil
precisa mais de partidos-farol, mesmo que na oposição, do que
partidos no poder, viciados no túnel sem luz em que estamos.
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Cristovam Buarque