dade, suas ideias e seus movimentos ao difícil trabalho de construção da fuselagem de um campo político que se converta num efetivo polo de poder democrático.
Suicídio em banho-maria
No interior dos partidos brasileiros atuais, de vários deles, a bateção de cabeças funciona como estacas espetadas no coração: ferem e enfraquecem as organizações, em vez de revigorá-las.
Travadas sem densidade programática e ideológica, as lutas internas não produzem valor ou melhores agregações. O que deveria ser um choque de arejamento e diversificação, ao final do qual se atingiria uma unidade de melhor qualidade, acaba por se reduzir a meras brigas de correntes. Lutas por poder, pura e simplesmente. Em vez de se purificarem internamente, as organizações são contaminadas por venenos e toxinas que as debilitam.
O PSDB é o caso exemplar. O partido, que já foi um dos grandes artífices da democratização brasileira, mergulhou na escuridão profunda. Encontra-se sem rumos, entregue a caciques e a lideranças despreocupadas com o futuro da própria legenda. Os muitos caciques pelejam entre si e deixam de lado o fundamental, comprometendo seriamente a imagem e a mitologia partidária. O PSDB engasga, sufoca e ameaça se dissolver.
Por erros acumulados, pela falta de uma direção empreendedora, pelo ônus derivado das estripulias de Aécio Neves( sobretudo a partir das denúncias dos irmãos Batista), o partido ingressou na pior luta interna de sua história, fase na qual ele vai se inviabilizando politicamente. Agora, ficou difícil que os tucanos continuem a se apresentar como alternativa ao PT e ao PMDB. Se nada for feito de vigoroso para promover o reencontro do partido com suas tradições e seu perfil socialdemocrata, não haverá força que impulsione o tucanato. Ele será deslocado para as margens.
Sem o PSDB em boas condições, e com os demais partidos enfraquecidos como estão, diminuem as chances de que se possa ter, em 2018, um polo democrático que impulsione um bom e amplo debate e articule uma saída mais razoável para o país. Uma megapolarização entre o“ novo” e o“ velho” poderá ganhar contornos catastróficos.
Com a degradação do PSDB, perdem sobretudo os tucanos. Mas perde também a democracia como um todo. Sistemas políti-
O centro, a esquerda democrática e o novo como fetiche
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