O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 287
5. Golpes de Estado Recentes na América Latina
fios enfrentados por seu projeto. Wade lamentou a falta de capacidade
institucional dentro do governo paraguaio, afirmando suas dúvidas
de que o Ministério do Interior possuía a capacidade de, até mesmo,
interpretar seus relatórios de perfuração. Morrison também disse
ao Econoff que alguns grupos ambientais locais eram reflexamente
contrários a qualquer exploração de hidrocarbonetos. Defendendo a
rigorosidade das avaliações de impacto ambiental da CDS, Morrison
disse ao Econoff “Nós documentamos plantas e animais que nem
mesmo os grupos ambientalistas conheciam”. 125 (IDEM) [579]
O que eles buscavam na interlocução com as autoridades nor-
te-americanas era “vender” o seu projeto, o que significaria, possi-
velmente, encontrar parceiros e aliados. E, mais que isso, “vender o
Paraguai”, significando a expressão, possivelmente, atrair investi-
dores para o setor de petróleo no país.
Durante sua reunião com o DCM, Wade observou que, além de ven-
der seu projeto para potenciais investidores, ele estava encarregado
[tasked] de “vender o Paraguai”. Morrison observou que a recente
expropriação de terras ao redor da comunidade de Puerto Casado
[...] enviou um sinal ruim para os empresários interessados em in-
vestir no país, afirmando que “isso foi a pior coisa que o Governo do
Paraguai [GOP] poderia ter feito”. 126 (IDEM) [580]
Para a proteção legal dos seus interesses, a empresa contra-
tou consultores. Por outra parte, observava a movimentação de
empresas adquirindo concessões em áreas vizinhas.
A CDS contratou [retained] tanto um consultor jurídico local quan-
to um especialista em relações governamentais […] para ajudar a
empresa a navegar pela burocracia local. Em uma reunião com fun-
cionários da embaixada [Emboffs], Morrison afirmou que a CDS não
havia sido alvo de extorsões e que a empresa não pagaria subornos.
Em parte, Wade acredita que muitos paraguaios, incluindo autori-
dades, desconsideram o potencial de petróleo e gás no Chaco devido
a falhas de exploração no passado e mitos predominantes sobre a
inacessibilidade da região. Por essa razão, Wade acredita que o pro-
jeto da CDS não recebeu uma séria atenção por parte de algumas
pessoas. Os dois observaram que outras empresas vêm adquirindo
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