O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 247
3. Regime de Exceção e Violação de Direitos Humanos no Brasil
Há, entretanto, denúncias de outras violações que não estão
sendo apuradas.
No processo em que o ex-presidente Lula foi condenado
pelo juiz Sérgio Moro, a Defesa requereu a oitiva de Rodrigo Ta-
cla Duran, ex-consultor do grupo Odebrecht.
Duran denunciou publicamente o sistema de construção
de delações premiadas e, com base em documentos periciados
na Espanha, afirmou ter havido adulteração no sistema de dados
referente a propinas na empresa.
O juiz Sérgio Moro, entretanto, indeferiu o pedido.
Contudo, ouvido por teleconferência pela Comissão Parla-
mentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, Duran confirmou a
existência de uma “indústria de delações em Curitiba”:
Quando esteve comigo, [...] Miller começou a listar parlamentares.
Ele começava a falar nomes de políticos, autoridades estatais, e per-
guntou: ‘Qual deles o senhor conhece? Qual o senhor pode entre-
gar?’ […] Percebi que havia uma ansiedade do Ministério Público em
obter confirmação de fatos alegados contra mim para que eu confir-
masse, para que se fechassem casos apenas com delação premiada,
sem comprovação dos fatos, sem investigar, sem inquéritos. Esse é o
sentido da ‘indústria de delação’ […]. ‘Indústria da delação’ porque
estão fechando processos penais batendo carimbo, sem investigar.
(Duran apud MURAKAWA) [490]
A gravidade da denúncia, feita institucionalmente a uma co-
missão de senadores e deputados, que sendo comprovada poderia
invalidar processos da Lava Jato, não foi entretanto apurada.
Conforme a revista época:
Duran disse ter contratado o advogado [...] Zucolotto, padrinho de
casamento do juiz Sergio Moro, para negociar seu acordo. Ele con-
tou que Zucolotto lhe ofereceu uma redução de US$ 15 milhões para
US$ 5 milhões na multa que lhe seria imposta. Mas que teria que pa-
gar a US$ 5 milhões a título de honorários “por fora”. (IDEM) [491]
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