O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 190

2. Alguns Frutos do Golpe para os Estados Unidos, suas Empresas e Organizações tarão a se repetir, pois as debilidades da economia norte-ameri- cana, graças ao seu endividamento, permanecem estruturais e sem receber um enfrentamento adequado pelos governos que se sucedem há décadas naquele país. Mas, se a economia norte-americana está em situação tão crítica e o dólar não tem respaldo em ouro, porque ele segue adotado como divisa internacional? Entre outros fatores porque é a moeda usada no mercado do petróleo, podendo-se com ela comprar petróleo a qualquer momento – não apenas o produzi- do nos Estados Unidos mas em qualquer parte do mundo. As- sim, enquanto o petróleo mundial for comercializado hegemo- nicamente em dólar, o dólar seguirá “respaldado” na produção de petróleo global, ainda que com flutuações de mercado. O problema da economia norte-americana, entretanto, não é o crescimento dos BRICS ou da União Europeia, mas a falta de distribuição de renda no país, impedindo a expansão de sua classe média e do consumo sustentado em seu mercado interno – como vinha ocorrendo no conjunto dos países que conformam os BRICS – e a perda de competitividade de suas empresas no mercado interno para o atendimento desse consumo. A redução do endividamento das famílias e o aumento da atividade econô- mica produtiva no interior dos Estados Unidos tenderiam a ele- var a arrecadação pública e a reduzir o deficit da balança comer- cial e os níveis de endividamento da economia como um todo. Contudo, insistindo em preservar o seu modelo econômico insustentável, a solução parcial encontrada pelos Estados Unidos – para preservarem o valor dos dólares em circulação na ciranda financeira global e seguirem emitindo títulos para financiar sua crescente dívida pública – é manterem um relativo controle sobre grande parte das reservas de petróleo no mundo e assegurarem que estas sejam exploradas por empresas norte-americanas ou por outras em aliança com elas, preservando o dólar como divisa necessária à sua comercialização. Assim, uma grande parte do petróleo no mundo todo se- guiria comercializada em dólares, preservando-se a importância 189 de 382