O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 180
2. Alguns Frutos do Golpe para os Estados Unidos, suas Empresas e Organizações
frente ao dólar – sinalizando que era um mau negócio trocar dó-
lares por euros como reserva de valor.
Embora essa desvalorização favorecesse as exportações eu-
ropeias, investidores internacionais migraram para títulos ame-
ricanos. De sua parte, tentando evitar uma fuga de capitais, o
Banco Central Europeu passou a elevar a taxa básica europeia
que era de 2,5 chegando a 4,75% em outubro de 2000.
A estratégia norte-americana, externamente, visava atrair
capitais, particularmente europeus, financiar as transações cor-
rentes e manter o poder do dólar sobre o euro. Mas, do ponto
de vista interno, prejudicou o consumo ao encarecer o crédito
e a competitividade da indústria, pois o dólar mais caro trazia
dificuldades à exportação.
A partir de 2002, a União Europeia e os países que compo-
riam posteriormente os BRICS iniciam um ciclo de crescimento
econômico que passou a ameaçar a hegemonia norte-americana.
Em 2008, o PIB da Zona do Euro quase alcançou o dos Estados
Unidos. A crise econômica, entretanto, iniciada nos Estados Uni-
dos, colocou nos anos seguintes a União Europeia na descendente.
E como afirmou Fernando Siqueira, em 2008, analisando os
picos de produção do Petróleo,
o petróleo deveria estar subindo. Mas não está porque os Estados
Unidos não querem que os BRICS façam uma afronta a eles. Então,
para enfraquecer a Rússia, cuja renda é 50% proveniente do petróleo,
derrubaram os preços, como fizeram na década de 1990, e desmon-
taram a União Soviética. Essa é uma repetição da estratégia. (CO-
MISSÃO PERMANENTE DE DIREITOS HUMANOS, 2015) [363]
Entretanto, mesmo assim, os BRICS seguiram crescendo de
forma permanente até quase ultrapassar o PIB norte-americano
em 2014, a preços correntes de mercado, como mostra o Gráfico 8.
Nesse novo contexto, a hegemonia do dólar americano
como moeda internacional se vê novamente ameaçada, pois au-
mentam as transações internacionais sem o seu emprego, valen-
do-se do euro ou de sistemas de compensação que criam unida-
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