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Informativo da Paróquia São Mateus – Uberaba
Ano 1 – Nº 2 – Agosto de 2019 – [email protected]
Pe. Saulo Emílio
O mês de agosto, para nós que
moramos no Triângulo Mineiro, é um
mês muito querido, por ser o mês em
que festejamos Nossa Senhora da
Abadia, nossos olhos e coração se
voltam para a Mãe de Deus, aquela
que assunta aos céus leva consigo
nossos rogos ao entrar na Casa do Pai.
São muitas as pessoas que partem
rumo ao Santuário de Nossa Senhora
da Abadia, na cidade de Romaria,
antiga Água Suja, a pé, percorrendo
muitos quilômetros (mais de cem
quilômetros, na maioria das vezes)
para pedir, agradecer, a intercessão
amorosa da Mãe de Jesus e nossa.
Assim, o mês de agosto nos lembra
caminho. Caminho que nos leva a
buscar um ideal, um lugar, alguém,
que nos motiva percorrer o caminho
escolhido, mesmo diante dos desafios,
dos perigos da estrada, da incerteza
que nos envolve entre a partida e a
chegada. Porém, o fazemos, porque
uma esperança nos sustenta no
caminhar: a alegria de encontrar uma
pessoa querida, sentir num abraço o
aconchego e o carinho de alguém
especial; poder provar o sabor da
infância, numa comida preparada com
carinho de mãe; poder chegar a um
lugar de descanso esperado e
planejado a muito tempo. Enfim são
várias as motivações que nos fazem
caminhar.
Para nós, cristãos, o caminho é algo
muito mais que percorrer uma estrada.
É um método, um ideal de vida, uma
realidade que inquieta. É o lugar do
encontro com o Mestre. Pois Deus se
revela no caminho. Somos um povo
caminheiro, que tem os seus pés
fincados no chão, mas com os olhos
voltados para o céu, que é a nossa meta.
São várias as experiências de Deus
feitas no caminho, a primeira delas
que encontramos nas Sagradas
Escrituras é a de Abraão, que é
convidado por Deus a deixar a sua
terra, a sua estabilidade, o seu
conforto, em busca de um novo lugar.
O Senhor lhe diz: “Sai da tua terra, do
meio de teus parentes, da casa de teu
pais, e vai para a terra que eu vou te
mostrar” (Gn 12,1). E assim, Deus vai
se relevando aos poucos a Abraão, seu
caminhar, começa através dele a
constituir um povo; um povo que
caminha.
Nos
tornamos
um
povo
caminheiro, que mesmo diante das
dificuldades,
das
dores
experimentadas
nos
caminhos
diferentes daqueles que nos levam a
vida, tal como a dor da escravidão, da
fome, da tristeza de estar longe de
casa, não perde a esperança de
caminhar, buscando um lugar novo,
sem opressores ou oprimidos, e assim
o povo de Deus deixa o Egito com a
promessa de uma terra nova, onde
corre leite e mel, sinais da bondade e
da ternura de Deus, que não está
longe, que caminha com seus povo,
pois Deus vê a opressão do seu povo,
escuta o seu grito de aflição, conhece
os seus sofrimentos e desce para
ajudar (cf. Ex 3,7-8).
Jesus, ao entrar em nossa história,
assume nosso caminho, ao mesmo
tempo que revela um novo jeito de
caminhar e um caminho novo,
caminho pautado no amor e na
misericórdia, com aqueles que muitas
vezes são deixados à beira do
caminho, que são esquecidos, mas
que devem estar no centro do
caminho. O Senhor olha-nos com
ternura e nos chama a caminhar com
ele. Ao aceitarmos o convite, ao
mesmo tempo que caminhamos com
ele, caminhamos por ele para
chegarmos ao céu, construindo o seu
Reinado aqui, no hoje, no cotidiano da
vida.
A dinâmica do Reino de Deus se dá
no caminho, é uma caminhada que
nos inspira, pelo exemplo de Jesus,
“estradeiro”, que realiza sinais,
acolhe, cuida, sara as feridas, ensina,
sustenta a esperança. Ao mesmo
tempo que convida os seus discípulos
no caminho, assim como também nos
chama no caminho; e cada um dá uma
resposta de amor a ele, no caminho,
aderindo ao seu ritmo, ao seu jeito de
caminhar, com olhar atento às
necessidades que estão a nossa volta.
É muito significativo o que diz o
Monsenhor Juvenal Arduini, em um de
seus livros: “O homem é capaz de
partir e de chegar. Mas, o que o define
mesmo é a estrada. Mais do que ser
de chegada e de partida, o homem é
um ser da estrada. É um eterno
caminhante.
É
um
peregrino
obstinado.
É
um
estradeiro
infatigável. Não resiste ao apelo do
horizonte misterioso que lhe pede
novos passos” (Estradeiro pág. 157).
Percorramos este novo mês, com a
certeza de que um novo horizonte nos
espera.