O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 496

assim punir um homem que fora declarado inocente . Sabiam que Pilatos estava procurando salvar a vida do Preso , e decidiram que Jesus não fosse solto .
Para nos agradar e satisfazer , Pilatos O açoitou , pensaram , e se apertarmos a questão até um resultado definido , conseguiremos com certeza nosso intento . Pilatos mandou então buscar Barrabás para o pátio . Apresentou depois os dois presos um ao lado do outro , e , apontando ao Salvador , disse em tom solene : “ Eis Aqui o Homem ”. João 19:5 . “ Eis aqui vo-Lo trago fora , para que saibais que não acho nEle crime algum ”. João 19:4 . Ali estava o Filho de Deus , com as vestes da zombaria e a coroa de espinhos . Despido até à cintura , as costas mostravam-Lhe os longos e cruéis vergões , de onde corria o sangue abundantemente . Tinha o rosto manchado de sangue , e apresentava os sinais da exaustão e dor ; nunca , no entanto , parecera mais belo . O semblante do Salvador não se desfigurou diante dos inimigos . Cada traço exprimia brandura e resignação , e a mais terna piedade para com os cruéis inimigos . Não havia em Sua atitude nenhuma fraqueza covarde , mas a resistência e dignidade da longanimidade . Chocante era o contraste no preso ao Seu lado . Cada linha da fisionomia de Barrabás proclamava o endurecido criminoso que era . O contraste foi manifesto a todos os espectadores .
Alguns dentre eles choravam . Ao olharem a Jesus , o coração encheu-se-lhes de simpatia . Mesmo os sacerdotes e principais convenceram-se de que Ele era tudo quanto dizia ser . Os soldados romanos que rodeavam Cristo não estavam todos endurecidos ; alguns Lhe fixavam ansiosamente o semblante , em busca de um sinal de que Ele era um personagem criminoso e de temer . De quando em quando , voltavam-se e deitavam um olhar de desprezo a Barrabás . Não era preciso grande perspicácia para adivinhar o que lhe ia no íntimo . Outra vez olhavam Aquele que estava sendo julgado . Contemplavam o divino Sofredor com sentimentos de profunda piedade . A silenciosa submissão de Cristo gravoulhes a cena no espírito , para nunca mais se apagar enquanto não reconhecessem nEle o Cristo , ou , rejeitando-O , decidissem o próprio destino . Pilatos estava cheio de espanto diante da paciência do Salvador , que não articulava uma queixa . Não duvidava de que a vista desse Homem , em contraste com Barrabás , movesse a simpatia dos judeus . Não compreendia , porém , o fanático ódio dos sacerdotes contra Aquele que , como a luz do mundo , lhes tornara manifestos as trevas e o erro . Incitaram a turba a uma fúria louca , e de novo os sacerdotes , príncipes e povo ergueram aquele tremendo brado : “ Crucifica-O , crucifica-O !” Perdendo por fim toda a paciência ante sua irracional crueldade , Pilatos gritou em desespero : “ Tomai-O vós e crucificai-O ; porque eu nenhum crime acho nEle ”. João 19:6 .
O governador romano , embora familiarizado com cenas cruéis , moveu-se de simpatia para com o paciente Preso que , condenado e açoitado , com a fronte a sangrar e laceradas as costas , mantinha ainda o porte de um rei sobre o trono . Mas os sacerdotes declaram : “ Nós temos uma lei , e , segundo a nossa lei , deve morrer , porque Se fez Filho de Deus ”.
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