O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 238

mesmos , mas em Deus . Qual Moisés no deserto do Sinai , qual Davi entre os montes da Judéia e Elias junto à fonte de Querite , necessitavam os discípulos pôr-se à parte das cenas de sua atarefada atividade , para comungar com Cristo , com a natureza e com o próprio coração .
Enquanto os discípulos haviam estado ausentes em sua viagem missionária , Jesus visitara outras cidades e aldeias , pregando o evangelho do reino . Foi mais ou menos por esse tempo que Ele recebeu a notícia da morte do Batista . Esse acontecimento apresentou- Lhe vivamente a idéia do fim a que Seus passos O conduziam . As nuvens adensavam-se em torno da vereda que percorria . Sacerdotes e rabinos espreitavam para tramar-Lhe a morte , espias Lhe rondavam os passos , e multiplicavam-se por toda parte as conspirações para cavar-Lhe a ruína . A notícia da pregação dos apóstolos através da Galiléia chegara a Herodes , chamando-lhe a atenção para Jesus e Sua obra . “ Este é João Batista ”, disse ; “ ressuscitou dos mortos ”; e exprimiu o desejo de ver a Jesus . Herodes estava em contínuo temor de que se tramasse secretamente uma revolução com o intuito de o destronar e sacudir o jugo romano da nação judaica . Entre o povo , lavrava o espírito de descontentamento e insurreição .
Era evidente que o trabalho público de Cristo na Galiléia não podia continuar por O Desejado de Todas as Nações muito tempo . Aproximavam-se as cenas de Seu sofrimento , e Ele desejava estar por algum tempo retirado do bulício da multidão . Consternados , haviam os discípulos de João levado a sepultar seu mutilado corpo . Depois , “ foram anunciá-lo a Jesus ”. Esses discípulos tiveram inveja de Cristo , quando Este parecia estar atraindo a Si os que seguiam a João . Juntaram-se aos fariseus em acusá-Lo , quando Ele Se sentara com os publicanos no banquete de Mateus . Puseram em dúvida a divindade de Sua missão , por não haver Ele libertado o Batista . Agora , porém , morto seu mestre , e anelando eles consolo em sua grande dor , e guia quanto a sua obra futura , foram ter com Jesus , unindo aos Seus os interesses deles .
Também necessitavam de um período de sossego para comunhão com o Salvador . Próximo a Betsaida , na extremidade norte do lago , havia um lugar solitário , então embelezado pelo verdor da primavera , o qual oferecia convidativo refúgio a Jesus e aos discípulos . Para ali partiram eles , fazendo de barco a travessia do lago . Ali estariam distantes do trânsito das ruas e do burburinho e agitação da cidade . As próprias cenas da natureza , por si mesmas , já constituíam um descanso , uma aprazível variação para os sentidos . Ali poderiam escutar as palavras de Cristo sem ouvir zangadas interrupções , réplicas e acusações de escribas e fariseus . Podiam ali fruir breve período de precioso convívio na companhia de seu Senhor . O repouso que Cristo e os discípulos fizeram , não era uma complacência consigo mesmos . O tempo que passaram afastados , não foi consagrado à busca do prazer . Falavam entre si a respeito da obra de Deus , e da possibilidade de torná-la mais eficiente .
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