O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 219

Jesus era sua única esperança . Em seu desamparo e desespero , exclamaram : “ Mestre , Mestre !” Mas a densa treva O ocultava aos olhos deles . Suas vozes eram abafadas pelo rugido da tempestade , e nenhuma resposta se ouviu . A dúvida e o temor os assaltaram . Havê-los-ia Jesus abandonado ? Seria Aquele que vencera a enfermidade e os demônios , e até mesmo a morte , impotente para ajudar os discípulos ? Havê-los-ia acaso esquecido em sua aflição ? E chamaram novamente , mas nenhuma resposta , a não ser o irado uivar do vento . Eis que o barco já vai a afundar . Um momento , e parece que serão tragados pelas revoltosas águas . De repente , o clarão de um relâmpago penetra as trevas , e vêem Jesus adormecido , imperturbado pelo tumulto . Surpreendidos , exclamaram em desespero : “ Mestre , não se Te dá que pereçamos ?” Marcos 4:38 .
Como pode Ele repousar assim tão serenamente , enquanto se encontram em perigo , lutando contra a morte ? Seus gritos despertam Jesus . Ao vê-Lo à luz do relâmpago , notam- Lhe no rosto uma celeste paz ; lêem-Lhe no olhar o esquecimento de Si mesmo , um terno amor e , corações voltados para Ele , exclamam : “ Senhor , salva-nos , que perecemos .” Nunca soltou uma alma aquele brado em vão . Ao empunharem os discípulos os remos , tentando um último esforço , ergue-Se Jesus . Está em meio dos discípulos , enquanto a tempestade ruge , as ondas rebentam por sobre eles , e o relâmpago vem iluminar-Lhe o semblante . Ergue a mão , tantas vezes ocupada em atos de misericórdia , e diz ao irado mar : “ Cala-te , aquieta-te ”. Marcos 4:39 .
Cessa a tormenta . As ondas entram em repouso . As nuvens dispersam-se , e brilham as estrelas . O barco descansa sobre o mar sereno . Volvendo-se então para os discípulos , Jesus pergunta , magoado : “ Por que sois tão tímidos ? Ainda não tendes fé ?” Os discípulos emudeceram . Nem mesmo Pedro tentou exprimir o assombro que lhe enchia o coração . Os barcos que partiram seguindo a Jesus , achavam-se no mesmo perigo que o dos discípulos . Terror e desespero apoderem-se dos tripulantes ; a ordem de Jesus , porém , trouxera sossego à cena de tumulto . A fúria da tempestade levara os barcos a mais próxima vizinhança , e todos os que havia a bordo testemunharam o milagre . Na paz que se seguiu , foi esquecido o temor . O povo segredava entre si : “ Que Homem é este , que até os ventos e o mar Lhe obedecem ?” Quando Jesus foi despertado para enfrentar a tempestade , estava em perfeita paz . Nenhum indício de temor na fisionomia ou olhar , pois receio algum havia em Seu coração .
Contudo , não era na posse da força onipotente que Ele descansava . Não era como o “ Senhor da Terra , do mar e do Céu ” que repousava em sossego . Esse poder , depusera-o Ele , e diz : “ Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma ”. João 5:30 . Confiava no poder de Seu Pai . Foi pela fé — no amor e cuidado de Deus — que Jesus repousou , e o poder que impôs silêncio à tempestade , foi o poder de Deus . Como Jesus descansou pela fé no cuidado do Pai , assim devemos repousar no de nosso Salvador . Houvessem os discípulos confiado nEle , e ter-se-iam conservado calmos . Seu temor , no tempo do perigo ,
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