O paralítico achava-se de todo impotente e , não vendo nenhuma perspectiva de auxílio de qualquer lado , caíra no desespero . Ouvira então falar das maravilhosas obras de Jesus . Foi-lhe dito que outros , tão pecadores e desamparados como ele , haviam sido curados ; até mesmo leprosos tinham sido purificados . E os amigos que relatavam essas coisas animavam-no a crer que também ele poderia ser curado , caso fosse conduzido a Jesus . Desfaleceu-se-lhe , no entanto , a esperança ao lembrar-se da maneira por que lhe sobreviera a enfermidade . Temeu que o imaculado médico não o tolerasse em Sua presença . Não era , entretanto , o restabelecimento físico , que desejava tanto , mas o alívio ao fardo do pecado . Se pudesse ver a Jesus , e receber a certeza do perdão e a paz com o Céu , estaria contente de viver ou morrer , segundo a vontade de Deus . O grito do moribundo , era : Oh ! se eu pudesse chegar à Sua presença ! Não havia tempo a perder ; já sua consumida carne começava a mostrar indícios de decomposição . Rogou aos amigos que o conduzissem em seu leito a Jesus , o que empreenderam de boa vontade . Tão compacta , porém , era a multidão que se apinhara dentro e nos arredores da casa em que Se achava o Salvador , que impossível foi ao doente e aos amigos ir até Ele , ou mesmo chegar-Lhe ao alcance da voz . Jesus estava ensinando na casa de Pedro . Segundo seu costume , os discípulos sentaram-se- Lhe bem próximo , em torno , e “ estavam ali assentados fariseus e doutores da lei , que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia , e de Jerusalém ”. Estes tinham ido como espias , buscando motivo de acusação contra Jesus .
Além desses oficiais , apinhava-se a multidão mista — os sinceros , os reverentes , os curiosos e os incrédulos . Nacionalidades diversas , e todos os graus sociais se achavam representados . “ E a virtude do Senhor estava com Ele para curar .” O Espírito de vida pairava por sobre a assembléia , mas fariseus e doutores não Lhe discerniam a presença . Não experimentavam nenhum sentimento de necessidade , e a cura não era para eles . “ Encheu de bens os famintos , e despediu vazios os ricos ”. Lucas 1:53 . Repetidamente procuraram os condutores do paralítico abrir caminho por entre a multidão , mas em vão . O enfermo olhava em derredor de si com indizível angústia . Quando o tão ansiado socorro tão perto estava , como poderia renunciar à esperança ? Por sugestão sua , os amigos o levaram ao telhado e , abrindo um buraco no teto , baixaram-no aos pés de Jesus . O discurso foi interrompido .
O Salvador contemplou o doloroso semblante , e viu os suplicantes olhos fixos nEle . Compreendeu ; tinha atraído a Si aquele perplexo e duvidoso espírito . Enquanto o paralítico ainda se achava em casa , o Salvador infundira-lhe convicção na consciência . Quando se arrependera de seus pecados , e crera no poder de Jesus para o curar , as vitalizantes misericórdias do Salvador haviam começado a beneficiar-lhe o anelante coração . Jesus observara o primeiro lampejo de fé transformar-se em crença de que Ele era o único auxílio do pecador , e vira-o tornar-se mais e mais forte a cada novo esforço para chegar a Sua
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