O Cavaleiro de São João O Cavaleiro 34 | Page 44

Ano XIV | Edição 34 | 44

Estranha mulher

Eu sei que ela existe , ( embora eu nunca a veja ...) mulher estranha de mãos imensas , semeando esmolas , misteriosamente , cercada de respeito , de lendas e de temor as mãos dessa mulher tem forma de amor mãos que ninam os berços da orfandade , mãos que põem luz na noite da viuvez , mãos que cortam o erro , como espadas mãos que abençoam , que denunciam crime e que trazem , no gesto que redime , toda a unção das próprias mãos de Deus . Essa mulher tem a graça das Acácias , a ternura que consola a dor alheia , o bem que ela faz gravando só na areia , vem a onda e o leva ao seio do grande Artista que vela sobre o triste , o fraco e o oprimido . Essa mulher , se escuta algum gemido , se pressente a dor , a injustiça , a queda , como o vento desloca-se flecha ousada e firme na pressa de salvar , servir e se esconder . Ela está de pé às portas da miséria ...
Junto ao incapaz , ela é o braço potente , amparo ela o é ao lado do indigente arrimo da velhice , luz da juventude , e ante a própria morte , aos pés do ataúde , essa mulher é esteio , é força e segurança . Seus braços , quais colunas talhadas na rocha , já sacudiram tronos , muralhas e cidadelas , já libertaram escravos e enriqueceram os pobres , já ergueram nações sobre cinzas de impérios ... Ela já viu morrer os filhos em prol da liberdade , e , embora chorando sobre seus tristes restos , seu braço ergueu , em sagrado protesto , a bandeira santa do amor universal . De sua mesa farta , tal como em família , reparte ela o pão da graça feminina , sem humilhar aquele a quem sobrou pobreza , e sua mão direita , segundo o evangelho , jamais presenciou o que a esquerda fez .
A ordem do Senhor : " Amai-vos uns aos outros " à frente do seu Templo essa mulher gravou , e como irmãos se tratam milhões de filhos seus , homens predestinados , cidadãos benditos que não se envergonham - oh não - de crer em Deus . Essa mulher estranha , sem jóias e sem fraqueza essa mulher estranha , temida e venerada , mil vezes perseguida , vencendo com galhardia , é cidadã do mundo , é a MAÇONARIA .
Maria Ivone Corrêa Dias Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás

Pare de carregar a mala dos outros

Você acredita que carrega malas alheias ? Vamos fazer um exercício ? Como você reage quando seu filho não quer fazer a lição ? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias , perde a hora do trabalho com frequência , gasta mais do que ganha … e muitas coisinhas mais que vão fazendo você correr em desvario para tapar buracos que não criou e evitar problemas que não afetam sua vida diretamente ?
Não afetam a sua vida , mas afetam a vida de pessoas queridas , então , você sai correndo e pega todas as malas que estão jogadas pelo caminho e as coloca no lombo ( lombo aqui cai muito bem , fala a verdade ) e a sua mala , que é a única que você tem a obrigação de carregar , fica lá , num canto qualquer da estação .
Repetindo , a sua mala , que é a única que você tem obrigação de carregar , fica lá jogada na estação !
Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta e quando perdemos o foco , passamos a executar os propósitos alheios .
A estrada é longa e o caminho muitas vezes nos esgota , pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade , à nossa resistência e o esgotamento aparece de repente .
Esse é o primeiro toque que a vida nos dá , pois , quando o investimento não é proporcional ao retorno , ou seja , quando damos muito mais do que recebemos na vida , nos relacionamentos humanos ou profissionais , é porque certamente estamos carregando pesos desnecessários e inúteis .
Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir , chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo . O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado .
É o peso da mala que nos deixa assim empedernido . Quanto ela pesa ? Quanto sofrimento carregamos inutilmente , mágoa , preocupação , controle , ansiedade , excesso de zelo , tudo o que exaure a nossa energia vital .
E o medo , o que ele faz com a gente e quanta coisa ele cria que muitas vezes só existe dentro da nossa cabeça ?
Sabe que às vezes temos tanto medo de olhar para a própria vida que preferimos tomar conta da vida dos filhos , do marido , do pai , da mãe … e a nossa mala fica na estação …
O momento é esse , vamos identificar essa bagagem : ela é sua ? Ótimo , então é hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve .
Agora , se o excesso de peso que você carrega vem de cargas alheias , chegou a hora de corajosamente devolvê-las aos interessados .
Não se intimide , tampouco fique com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo . Ao contrário , nesse momento você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala .
A vida assim compartilhada fica muito mais suave , pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos , sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto .
Onde está a sua mala ?
Marlene Damico Lamarco ( Texto enviado pelo CCar .’. Ir .’. João Silveira Machado – Curitiba Paraná )