O Cavaleiro de São João O Cavaleiro 34 | Page 3

Ano XIV | Edição 34 | 3 LEMBRE-SE Uma ponta do véu De que o amor ao próximo é o segredo de nossa felicidade. Não fale mal de ninguém, não tenha raiva, não cultive ódios em seu coração. A irritação e o ódio são venenos que atacam o fígado e descontrolam o sistema nervoso. Aprenda a relevar e esquecer, para ter seu coração em paz e não sofrer em sua saúde. A serenidade é o segredo das Vidas longas e felizes. (Minutos de Sabedoria – Torres Pastorino) FRATERNIDADE Ano Novo sempre sugere um balanço de nossas relações com o tempo. Quantas promessas não cumpridas!... Quantos planos frustrados!... E aqueles que já se deixaram registrar no livro divino da responsabilidade perante Deus, fazem contas com a própria consciência, renovando votos de serviço, compreensão, devotamento e renúncia... Se desejamos, porém, penetrar o segredo das horas, com a realização de nossas esperanças mais elevadas e com a execução gradual de nossos projetos, necessitamos de algo que nos modifique, à frente dos semelhantes, que nos suavize as atitudes, que nos traga correntes de simpatia, que nos inspire o trabalho incessante e digno e que nos alimente o espírito em mais altos padrões de serviço e confiança. Esse algo, meus Irmãos, é a fraternidade profundamente sentida e sinceramente vivida, que auxilie nossa alma, incentivando-a no bem, porque sem fraternidade, há sempre gelo e sombra, indiferença e aspereza no santuário do coração. Nina – Médium: Francisco Cândido Xavier – do livro: IRMÃOS UNIDOS. U tilizo o “volume morto” das lendas do meu reservatório de mitos. De- vemos estar sempre abertos para en- xergar pontos mitológicos na tragédia egípcia de Osíris sem fazer generalizações e com a certeza de que o “reza a lenda” reflete fatos de nossos mundos interiores. A luta humana contra o destino, neste aspecto, é uma luta contra as determinações do jogo de forças da exterioridade – especialmente da natureza – na maior parte, enigmas à espera de serem decifrados. Osíris era filho primogênito da mãe Terra e do pai Sol. Desposou sua irmã Isis, a deusa da Lua transmitindo ao povo os mais úteis e belos ensinamentos. Matéria de ciúme leva Set a preparar uma armadilha para que trancasse Osíris num sarcófago. Logo de- pois o atira ao rio Nilo. Para garantir o suces- so da missão Set corta o corpo do irmão em 14 pedaços e o espalha pelo rio para jamais ser reconstituído. Hórus o deus falcão expulsa Set do rei- no e se torna dono do Egito. Isis empreende uma peregrinação por todo o país em bus- ca das distintas partes do corpo de Osíris e levantando templos para cada parte encon- trada. Foram recuperadas treze, ficando ex- traviada a décima quarta - o phalus. Paradei- ro misterioso. Comido por peixes dizem os historiadores. A parte a seguir difere, em muitos aspec- tos, das fontes egípcias conhecidas: dá-se ao falo de Osíris, símbolo análogo em impor- tância ao da lança que faz parte do mito do Santo Graal, complemento masculino da fe- minina taça, representada por Isis na lenda egípcia. Esta - uma das mais antigas lendas do Egito - nos remete ao Delta do Nilo na cidade de Sais onde existia um grande templo construído por Hermes Trismegisto dedica- do a Osíris. Consta que o mestre da ciência sagrada teria depositado o décimo quarto pedaço do corpo de Osíris neste templo que possuía uma câmara secreta consagrada a Isis na qual se encontrava um oratório que teria dado origem ao Santo Santuário. Era coberto com um véu e em seu umbral se encontrava escrita uma tentadora palavra: “Verdade”. Por ser proibido a todo homem levantar este véu, os sacerdotes do templo guardavam o local com vigilante rigor. Certa vez um homem, ao entrar no tem- plo e deparar-se com o misterioso local, per- guntou aos sacerdotes se lhe seria permitido levantar o véu a fim de matar sua mórbida curiosidade A resposta foi fria e negativa. A curiosidade era irresistível. Regressou de ma- drugada tomado por sacrílega intenção. En- frentando um vento frio e sob a luz da lua penetrou no templo de Osíris e uma vez no Santuário de Isis levantou o véu que cobria o mistério da “Verdade”. O que o homem viu então ninguém sabe, mas reza a lenda, que ao amanhecer foi encontrado inerte aos pés do altar. Em seu corpo não mais corria sangue: ele havia sido abandonado pelo espírito. Esta lenda revela que o ensinamento da busca pela verdade sem luta e sofrimento apenas pode ser almejada por néscios e que somente os insensatos pretendem chegar a ela sem esforço e sacrifício, através de uma fórmula finita. A verdade não é um conhe- cimento estagnado, ela evolui pelo tempo e para alcançá-la é preciso compreensão. Assim entender é próprio dos que sabem aguardar pelo dia em que terão merecimento para be- ber na divina taça o sangue de Cristo e quem sabe, alcançar assim a graça de levantar uma ponta do véu de Isis. Ir.’. Valfredo Melo e Souza Academia Maçônica de Letras/DF