Matão (SP), 26 de Junho de 2015 — Ano 25 — nº 305
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DANIELA BARBOSA PEREIRA
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POTÊNCIA
Há potência no salto da gazela, embora a delicadeza ronde os seus passos e
atitudes. Atenta delicadeza aliada à agilidade de sua percepção possibilita-lhe
diferenciar vida e morte. Há delicadeza debaixo das patas da leoa enquanto amamenta
seus filhotes, pequenas feras indefesas que a natureza cria, instrui, destrói, procria. A
delicadeza das mães enquanto ralham com seus filhos forçando-os carinhosamente
a alimentar-se é o estímulo vital que nos perpetua enquanto espécie. A delicadeza de
uma correção materna suplanta a violência mais cruel que a Babilônia possa nos
infligir. Há potência na vontade cardíaca, coração que trabalha ininterruptamente
durante toda a existência, enquanto nós teimamos em dormir mais um pouco, e
preguiçosos deixamos para depois. Tarde demais... Potência no vôo de um beija-flor,
na minhoca que fura, fertiliza e prepara a terra, no peixe que deixa o mar e entra num
rio, vence correntezas viajando centenas de quilômetros voltando ao lugar onde nasceu
para acasalar e depois morrer, perpetuando a espécie. Potência do estômago, pulmão,
intestino, baço e fígado. Próstata e útero, yin e yang, dia e noite, verão e inverno.
Potência na sequência das horas... Há potência no desejo do aluno em tirar melhores
notas! No condicionamento físico que se impõe o discípulo para alcançar a plenitude
do espírito e a sapiência do mestre. Há delicadeza no encontro de dois corpos
apaixonados, embora a violência do trato deixe profundas marcas na alma! Alma que
vagueia pelos quatro ventos anunciando a mensagem da redenção planetária. Alma
que recebe o poder da criação e alimenta-se da energia cósmica que emana do mais
longínquo rincão do universo, aqui mesmo, ao nosso lado. Dentro de ti mesmo reside
um batalhão cansado! Acorda, homem, para a batalha necessária. Tira a fantasia,
despe os desejos mundanos, acabou o carnaval! Levanta-te, veste a armadura de
guerreiro e lembra o instante triunfal de libertação da tua raça! Tens um legado a
perpetuar, um futuro a conquistar! Uma família a construir e defender! A potência
das mães realiza milagres ordinários, torna um lar aquecido pelo fogo e em volta dele
as refeições são realizadas. Potência de pele macia e cabelos em trança! Potência
de mãos quase ásperas pelas atividades diárias. Vontade-poder. Mãe e mulher, é
preciso ser mulher para poder ser mãe, e que diferença entre ambas! O todo contém
as partes, mas as partes também contém o todo! Somos mensageiros interagindo
com a mensagem! Recebendo, recriando, errando, corrigindo e tornando a errar.
Transmitindo, omitindo, mentindo. Mas o caminho é este, não o podemos abandonar.
Sem comprovar, como proceder? Cedendo ao puro poder da imaginação? Confiando
em si mesmo e na potência do diálogo desilusório. E se a normalidade original estiver
perdida? Se o orgulho e o ego inflado-inflamado nos confundiram, que caminho tomar
se é tudo uma grande festa e a música mais alta que o raciocínio aponta uma só
direção? Jejua! Babilônia, terra de escravos, legiões desfiguradas celebram sua ruína!
A derrocada do amor próprio, do auto-conhecimento, da independência. Derrocada
da potência masculina! Domínio da indulgência, caridade, hipocrisia que se compra e
vende. Conforto, viagens, consumo, vaidade, segurança, paz sem guerra, saúde
absoluta! Poder humano deformando a natureza. O império da banalidade tornando
impotentes os homens de meu tempo. Pobres homens sem tempo... Potência da
palavra viva. Potência do treinamento focalizado. Potência da humildade alavancadora.
Há potência na lágrima transformadora. Potência dos ventos, rios, marés e do oceano.
Há delicadeza dentro de nossas veias. Proteja a sua ecologia interior! Há potência
no golpe de enxada que fere a terra abrindo-lhe sulcos para que se deposite a
semente... Medo do desconhecido — semente jogada no chão fértil; depois, escuridão
e solitude. Há dor e resignação nas sementes que geram uma nova vida em simbiose
com a terra... Rompendo o solo, um broto de inhame vem saciar a fome mundial.
Potência do nascimento normal. Delicadeza da luta ancestral. Reconhecimento e
comprovação. Potência no agradecimento sincero, no sorriso e na gentileza.