O Boêmio 290

Matão (SP), 11 de Abril de 2014 — Ano 23 — nº 290 Cultura popular independente e evolucionária! A livraria amiga dos estudantes! R. Sinharinha Frota, 1.334 — N. Matão Fone 3394-3202 Ÿ Fone/Fax 3394-3201 Av. Cássio Bottura, 4.091 Ÿ Monte Carlo Assistência técnica autorizada em monitores, impressoras, no breaks Rua Prudente de Moraes, 999 Centro Ÿ PABX 3382-7124 Trate seus pés com carinho, eles merecem este conforto! Rua João Pessoa, 1.099 Ÿ Centro Fone 3382-3206 A primeira empresa de Contabilidade de Matão e Araraquara a conquistar a certificação de Gestão de Qualidade na prestação de serviços contábeis / PQEC Rua São Lourenço, 2.080 IV Centenário — Fone 3383-2222 www.contec1996.com.br Seja gentil, cordial e educado, mesmo quando discordam de você! jornal o boêmio A HORTA CASEIRA É UM ATO LIBERTÁRIO Neste mundo atual, onde as pessoas estão preferindo ter dentes e garras afiadas para matar, morder e cortar (mas não mastigam os alimentos), onde os seres são metade homens e metade bois, a esperança está soterrada por toneladas de sebo e gordura animal, transgênica e saturada. Os campos tornaram-se áridos, estéreis, com a terra seca repleta de poeira, enquanto nas cidades grassa a violência, a intolerância e a destruição generalizada. Buscam sucesso e dinheiro a qualquer custo, mas o valor a pagar é alto demais para estas multidões degeneradas e perdidas, trancadas em seus apartamentos ou mesmo vagando pelas ruas imundas das metrópoles asfixiadas. Florestas são derrubadas e rebanhos abatidos para satisfazer a gula de espíritos carnívoros, e quem planta não está mais preocupado em produzir alimentos que saciem a fome da humanidade, e sim lucrar mais e mais com produtos contaminados por agrotóxicos, geneticamente modificados e sem sabor. Neste panorama sombrio, o certo tornou-se errado, e os erros refletemse em apáticas aparências solitárias, espectros de nosso tempo, portadores das doenças modernas que ceifam vidas humanas; galinhas criadas em granjas seguindo ao extermínio que não tardará. Aqueles que agonizam nos hospitais e em seus lares querem outra chance, mas sabem que é tarde demais para um novo recomeço. Estão com as artérias entupidas e não abandonam o vício da carne; buscando o prazer sem discernimento fogem da realidade e entregam-se aos senhores da guerra. Porém em meio ao caos, ao lodo e à barbárie existem aqueles que enxergam uma luz no final do túnel, conseguindo discernir entre seus desejos banais e a ordem evolutiva do Universo, onde matar não é preciso para se alimentar e viver em segurança. São aqueles que com humildade comungam os ideais da Mãe Natureza, e se alimentam de grãos integrais, de frutos, cereais, raízes e vegetais que se recompõe rapidamente quando colhidos. Neste cenário, onde alimentar-se é um ato revolucionário, a horta caseira é um projeto libertário, que une as famílias e propõe horizontes saudáveis, onde homens, animais e plantas convivam pacificamente em harmonia com o planeta, que não aguenta mais tanta exploração. Preparar a terra, plantar e colher é tão importante quanto selecionar os alimentos que irão à nossa mesa, para que nos alimentemos sem pressa. A mulher que cozinha alimentos orgânicos oferece o melhor de si para sua família, e não precisamos comprar para ter. Basta um pouco de dedicação e a certeza de que a vida é sempre maior do que a morte. Qualquer um pode ter uma horta, resida em casas, apartamentos, sítios ou alojamentos. Uma horta pode ser feita em canos e tubos de pvc, num canto do quintal, na varanda dos prédios ou em vasos-floreiras, convivendo ao lado de perfumadas espécies ornamentais e coloridas orquídeas. Quem planta seu próprio alimento evita a degradação ambiental, mudanças climáticas e a fome mundial, na medida em que se distancia do aquecimento global e da indústria petrolífera. Quem planta colhe. Quem colhe sabe a maravilha que é estar com os pés na terra em momentos únicos, onde nos tornamos filhos divinos e abençoados de um Criador magnânimo, que nos concedeu o livre arbítrio. A horta caseira é um gesto coerente de independência monetária; é um jardim florido de onde tiramos nosso sustento. É a resposta a este mundo mau e cruel, habitado por criaturas nervosas, estressadas, doentes e deprimidas. Se a violência ronda nossos passos, envolve corações desalmados, e o medo insiste em mostrarse em todos os lugares, lembramos que nem sempre foi assim. Houve uma era em que a humanidade olhava o céu e compreendia seus desígnios. Um tempo em que sonhávamos e nos exercitávamos, com melhor qualidade de vida, pensamento e discernimento. Se hoje a televisão é porta-voz de incoerências repressoras, e a mídia reflete a vontade dos senhores da guerra, somos também culpados. Que o Todo perdoe aos alienados e a Luz volte a clarear espíritos mundanos. Plantemos alimentos orgânicos! Plantemos nosso próprio alimento... Sejamos exemplos ambulantes e o espelho das águas cristalinas que sacia a sede de justiça das crianças do amanhã.