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Barroso Noticias de 31 de Janeiro de 2018 7 Prepotência condiciona a cultura? O investigador João Soares Tavares na crónica com o título “JOÃO RODRIGUES CABRILHO FALECEU HÁ 475 ANOS” publicada no NB anterior, recordou o navegador barrosão pelo 475º aniversário da sua morte (3 de Janeiro). Alertou os órgãos autárquicos e os responsáveis pela Educação e pela Cultura em Montalegre para reavivarem a memória de Cabrilho, pois segundo escreveu: «receia que em Montalegre daqui a poucos anos, ninguém saiba articular meia dúzia de palavras acerca do filho mais ilustre da terra». Recordou também o livro “Montalegre e o Descobridor da Costa da Califórnia” que elaborou a pedido de Fernando Rodrigues então presidente da Câmara, para ser distribuído pela Autarquia aos jovens estudantes de Montalegre, compromisso do autarca conforme certificou no prefácio da obra: «Foi por isso que pedi ao responsável da investigação que confirmou Cabrilho natural de Lapela, para preparar um novo trabalho para apresentar e divulgar este Barrosão entre os nossos estudantes». Mas, não cumpriu. O livro foi editado em 2009. Porém, “não está onde deveria estar e seria muito útil: nas mãos dos jovens estudantes do concelho de Montalegre.” Prepotência ou capricho privou os estudantes do conhecimento da vida e obra de Cabrilho? Para que ninguém duvide do que ficou expresso, e porque pugnamos pela verdade e transparência, transcreve- se integralmente o prefácio de Fernando Rodrigues escrito no livro "Montalegre e o Descobridor da Costa da Califórnia”. Os senhores leitores tirem as vossas conclusões. PREFÁCIO Quando o então presidente da Câmara, o prof. Carvalho de Moura, apostou na promoção da figura de Cabrilho achei que isso era um grande risco. E foi. Porque na mesma altura havia outras localidades a reclamar a sua naturalidade, e com fortes apoios. E quando a estátua ao navegador foi instalada na praça do município em Montalegre ainda cheguei a pensar que um dia ia ser retirada e o município envergonhado por usurpar um nome e um património que não lhe pertencia. Claro que se falava que Cabrilho era natural de conclusões da investigação, e se terem rendido. Havia quem pensasse que aquela minha opinião tinha a ver com questões políticas e partidárias e que o reconhecimento de Cabrilho e daqueles que trabalharam para o esclarecimento das origens deste navegador não mais se faria na Câmara por mim presidida. Mas as questões não eram essas e, política é polít ica, cultura é cultura. Eu sou teimoso e, para “João Rodrigues Cabrilho, um homem de Barroso?” deixa tudo claro. Cabrilho é nosso! Trata-se de um trabalho de investigação de grande mérito. E de um trabalho desinteressado, porque João Soares Tavares não é de cá nem de lá, nem daqui retirou qualquer proveito económico. Ganhou, isso sim, prestígio pela grande dedicação a esta causa. Por se ter embrenhado num trabalho de resultado incerto, mas por trazer à luz do dia documentos históricos, Prefácio original do livro para servir de prova Lapela, Cabril, do concelho de Montalegre. E isso aparecia escrito por vários investigadores. Mas, como nós sabemos, há muitos casos de figuras históricas em que ainda hoje é disputada a sua naturalidade. O caso de Cabrilho, na minha opinião, seria mais um. O certo é que Carvalho de Moura ganhou a aposta. Ganhou a “guerra” de forma convincente a ponto de outras localidades que com Montalegre disputavam Cabrilho se terem confrontado com as evidências e as mudar de opinião, têm que me apresentar argumentos. E quando assim é, mudo. Mas nem sequer foi esse o caso porque não se trata de aderir a qualquer ideia que antes rejeitava, não. Não era propriamente a naturalidade de Cabrilho que estava em causa, como referi, mas a polémica que poderia ter dado se os argumentos de João Soares Tavares não fossem aceites e se outros estudos viessem a por em causa todo o seu trabalho. E o prof. Carvalho de Moura ganhou a “guerra” porque João Soares Tavares em comparações e interpretações que, com clareza, confirmam que Cabrilho, ao serviço de Espanha, chegou à Califórnia e que esse bravo comandante nasceu em Lapela, freguesia de Cabril, concelho de Montalegre. E Cabrilho não é uma personalidade qualquer. É uma grande figura da história das descobertas. Não é muito divulgado em Portugal, porque se notabilizou ao serviço de Espanha. Não é suficientemente reconhecido em Espanha, porque era português. Mas Cabrilho, ainda que a sua vida seja pouco conhecida, sabemos que era uma personalidade muito considerada. Um homem ilustre, honrado e apelidado de valente. Possuía grandes conhecimentos náuticos e tinha muita prática das coisas do mar. Era navegador e piloto com valor e almirante de esquadra. Era um grande explorador de costas e foi ele o primeiro europeu que aportou na Califórnia. Era uma personalidade de elevado valor humano. Cabrilho é um navegador que “deu novos mundos ao mundo”, uma figura histórica de relevo para o mundo e para a Europa. É português. É Barrosão! Foi por isso que pedi ao responsável da investigação que confirmou Cabrilho como natural de Lapela, para preparar um novo trabalho para apresentar e divulgar este Barrosão entre os nossos estudantes. E quero agradecer ao Dr. João Soares Tavares por ter aceite o nosso pedido. Mas, sobretudo, reconhecer aqui a dedicação deste investigador à causa do Cabrilho. O empenho e a competência que ele colocou neste trabalho enriqueceram a nossa história e trouxe uma causa nova de afirmação da nossa terra e da nossa gente, e merece, por isso, a nossa gratidão, o nosso muito obrigado. Espero que o objectivo comungado pelo Dr. João Soares Tavares de meter o Cabrilho nas escolas e na cabeça dos nossos jovens se concretize porque o contributo cultural que isso nos dá eleva o orgulho Barrosão e porque temos que saber quem somos e de onde vimos, para podermos escolher melhor para onde queremos ir. O Presidente da Câmara Dr. Fernando Rodrigues