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Editorial

Estivemos ON!

Terminámos o ano letivo, um ano letivo que ficará marcado nas nossas memórias. A nossa carreira profissional é tudo menos monótona, os desafios são permanentes, sendo que o maior mesmo será ajudarmos os nossos alunos a construir uma identidade que lhes possibilite ultrapassar os diversos patamares da sua formação integral até que consigam materializar os seus sonhos e ambições.

Em setembro, quando começámos o ano letivo, estávamos a léguas de imaginar que em março estaríamos todos em casa, confinados. Até podemos estar habituados, aos tais desconcertantes desafios do dia a dia, com a experiência adquirida, com a maturidade de cada um, com a ajuda do(s) colega(s) vamos ultrapassando e vencendo essas dificuldades, o que nós professores e quase ninguém estava preparado e treinado era para sobreviver e ensinar numa pandemia. A 13 de março, e quase sem aviso, quando demos por nós estávamos em casa e prontos para continuar a nossa missão.

Ensino à Distância? Até já tínhamos ouvido falar, mas daí até à sua concretização estávamos a uma enorme distância. Mais de 700 alunos e quase 130 docentes foram colocados perante uma realidade das nossas vidas em que há a profissão, mas também há a família, os nossos filhos, que também são alunos, os nossos pais e avós, que são grupos de risco, e tudo o resto que não nos traz imunidade nem física, nem psicológica perante um inimigo desconhecido.

Com tudo isto, fizemos opções, tomámos decisões, acompanhámos os nossos desde o primeiro dia, dias inteiros, semanas inteiras. Fizemos formação, fizemos avaliação, construiu-se um plano, alteraram-se critérios de avaliação, alteraram-se ponderações, articulámos no conselho de disciplina, no departamento, no conselho de turma, houve tensão, cansaço e desgaste, cometemos erros, mas nunca vimos nem desânimo nem desistência, vimos sim uma enorme resiliência.

Norteamos toda a nossa ação pelo princípio da equidade, tanto quanto possível, no acesso dos nossos alunos às suas tarefas escolares, eles próprios, com experiências, faixas etárias, material digital desigual, apoio familiar diferenciado, sem nunca terem ouvido falar na plataforma Teams, sem uma utilização sequer corrente de uma conta de correio eletrónico, uns com Internet, outros sem Internet e ainda outros em vias de ficar sem acesso à dita Internet, com diferentes velocidades de acesso à rede, tal como os docentes. Nem todos temos máquinas último grito Mega, Giga rápido e nem todos lidamos com o digital como se tivéssemos nascido de um processador. Nascemos e fizemos a formação no século XX e todos procurámos ser professores do século XXI.

Foram tempos igualmente de oportunidade, por mais difíceis que tenham sido, façamos a justiça de reconhecer que a necessidade nos obrigou a dar um passo em frente nas nossas práticas, o ano foi mesmo de Transformação, Empenho e Compromisso (TEC). Não desperdicemos o que conquistámos, o não presencial não substitui o presencial, mas há práticas que vieram para ficar e não nos iludamos acerca disso.

Só o distanciamento, dado inexoravelmente pelo tempo, nos fará ter a perceção do trabalho gigante que foi feito nestes últimos tempos. Poderíamos ter feito diferente e melhor, aqui e acolá, certamente que sim, mas sentimos que cumprimos, estivemos ON, os nossos alunos, na sua esmagadora maioria, estiveram ligados à Escola, não perderam o vínculo às suas obrigações e ainda conseguiram expressar a emoção pela ausência física dos colegas e dos seus professores.

Termino, deixando, em nome do Conselho Executivo, o nosso reconhecimento e gratidão pelo empenho, profissionalismo e, sobretudo, pela evidência do amor à profissão!

Prof. António Manuel Barros Mendonça

Presidente do Conselho Executivo