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Barroso Noticias de 30 de Agosto de 2014 11 O padre não cativa Pe Vítor Pereira De vez em quando, no contacto e na conversa com muitos cristãos da nossa Diocese e até de outras Dioceses, quando vem para o centro da cavaqueira a participação na Eucaristia dominical e o empenho dos cristãos locais nas ações e nas atividades da paróquia, alguém diz sempre: «Sabe, o nosso padre não cativa, não chama», ou então «o nosso padre está velho e cansado». São piedosas desculpas que nós padres estamos fartos de ouvir, que não justificam nada. As pessoas habituaramse a dizê-las irrefletidamente, não se apercebendo que, ao proferi-las, estão a falar mais delas do que dos seus párocos. BOTICAS Festa em Honra de Nossa Senhora da Livração Numa romaria que se repete todos os anos no terceiro fimde-semana de Agosto, milhares de pessoas deslocaram-se a Boticas para assistirem à tradicional procissão das festas do concelho, em honra de Nossa Senhora da Livração, considerada já uma das mais belas do género realizadas na região e até no norte de Portugal. Sendo, de ano para ano, motivo de renovado interesse e símbolo de fé e devoção, a Majestosa Procissão é, sem dúvida alguma, o ponto mais alto destas festividades, este ano realizada no dia 16 de agosto (sábado). No total, 29 andores, compostos exclusivamente das mais finas flores naturais, entre os quais os andores com os santos padroeiros de todas as freguesias do concelho, desfilaram na extensa procissão, que contou ainda com a presença da Banda Musical de Famalicão, da Banda Musical de Arcos de Valdevez, da Banda Filarmónica do Couto de Dornelas, da Banda Musical de Parafita e da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde, para além da cavalaria da GNR, Bombeiros, Escuteiros de Boticas, ficando uma vez mais demonstrado que as Festividades em Honra de Nª Senhora da Livração são uma das romarias mais procuradas na região e um grande motivo de orgulho para o concelho de Boticas. Temos uma multidão de cristãos que, apesar de ter feito todo o percurso catequético e de cumprir toda uma tradição que lhe é dada a beber pela família ou pelo meio ambiente, por dentro não se converteu a Cristo e ao Evangelho, nem se sente parte ativa e integrante da Igreja. O coração permanece pagão. E quando não há «conversão» e verdadeira adesão a Cristo e à Igreja, depois passa-se o tempo todo a inventar desculpas para não se viver o que não se quer viver e o que de verdade não se quer assumir. Tem de haver sempre um «alguém» que é o culpado por aquilo que eu dissimulo que desejaria fazer e viver, mas não faço nem vivo, que esconda a minha incoerência, o meu comodismo, o meu egoísmo, o meu desinteresse e a minha apatia. Não ignoro que os padres não são todos iguais e que nem todos têm o mesmo brio pastoral. Os temperamentos, os caracteres, as formas de estar, as qualidades, o zelo e o empenho pastoral variam de padre para padre. Ainda assim, cada um é como é, possivelmente empenhado em aprofundar as suas virtudes e em corrigir os seus defeitos, e tem o direito de ser como gosta de ser e ninguém tem de ser igual a ninguém. O ser padre e o poder ser padre obedece a um conjunto de traços espirituais, humanos e sociais, que a Igreja identifica como vocação, mas esta é vivida na unicidade, na especificidade e na fragilidade de cada pessoa. Os padres, ou quem quer que seja, não são formatados e não são feitos em série. Aceito, até certo ponto, que a intervenção e a ação de um padre também é determinante na vida e na construção de uma comunidade cristã. Mas não é decisiva, nem o pode ser. Um cristão ou uma comunidade que assim o pense ainda não cresceu e vive na menoridade cristã e se um padre age atraindo para si todo o protagonismo, abusa do seu ministério e não ajuda a sua comunidade a crescer e a caminhar. Quanto à afirmação de que o «padre está velho e cansado», o que é que se pode dizer? Então os padres não envelhecem e não se cansam como as outras pessoas? O tempo faz-nos perder energia, mas dá-nos sabedoria e maturidade. A Igreja não pode viver só de padres novos. O equilíbrio e a troca de experiência entre gerações é fundamental. Muito bom cristão peca muito quanto ao respeito para com os padres mais velhos, que são uma riqueza na Igreja. Os padres que mais me têm influenciado e marcado são padres mais velhos. Um cristão esclarecido, bem formado e maduro, sabe que a vivência da