Barroso
Noticias de
15 de Novembro de 2014
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Meio milhão de Transmontanos
no grande Porto
Barroso da Fonte
Em 30 de Outubro de
1984 foi celebrada, no sétimo
Cartório Notarial do Porto,
a escritura da Casa Regional
dos Transmontanos e Altodurienses, residentes na área do
chamado Grande Porto. Antes
desta Casa Regional, funcionara
na Invicta capital do Norte,
o Clube dos Transmontanos
que não chegou a legalizar a
Comunidade. Também por essa
altura se tentou a fundação
da Casa de Barroso que visava
congregar em colectividade
os naturais dos concelhos de
Montalegre e de Boticas. Mas
em ambos os casos os projectos
não passaram disso.
O espírito de agregação
e
de
solidariedade
dos
Transmontanos vem de longe.
Habituados a viver à sua
custa, quase escorraçados da
cidadania urbana que os tratava
como cidadãos de segunda,
quantos ali nasciam, tinham
de suportar as contingências
comuns à raça humana e
mais esse desígnio ancestral
de lutarem contra o abandono
contido no provérbio: «longe
da vista, longe do coração».
Sempre os Transmontanos
foram conhecidos, onde quer
que os destino os levasse,
pela sua franqueza, pela sua
hospitalidade, pelo instinto
de defesa e de aventura, pela
honestidade da sua maneira
de viver e de conviver. A entreajuda estampou-se nos usos
e costumes, nas tarefas do
campo, nos hábitos rurais, nas
leis solares, nos relógios de
sol. Os antropólogos culturais,
os etnólogos, os sociólogos,
os gastrónomos, habituaramse a catalogar esse espírito
comunitário como
factor
distintivo de quem nasceu, viveu
e se orgulhou de ser oriundo de
Trás-os-Montes e Alto Douro.
Nunca se intimidaram por isso,
nunca aceitaram essa pretensa
submissão, jamais
sentiram
complexos de inferioridade,
embora alguns maldizentes
sistemáticos, algumas vezes
confundam, ostensivamente, a
simplicidade dessa gente com
o elo mais fraco do sociedade
portuguesa.
Muito
pelo
contrário: desde os alvores
da nacionalidade Portuguesa
sempre os habitantes de Entre
Douro e Minho deram à Pátria
tributos e contributos que
fizeram dela um império que
teve o mundo inteiro a seus pés.
Nunca podemos esquecer que
o Condado Portucalense, desde
868 até 1071, dependente do
Reino da Galiza, o primeiro
e, entre 1096 e 1128, já sob
os desígnios dos Condes
Portugueses (D. Henrique e
seu filho Afonso) se situavam
apenas entre os Rios Minho e
Douro. Foi em Trás-os-Montes
e Alto, mais o Minho que
Portugal nasceu, fecundou e
se fez o império que só pelo
Tratado de Tordesilhas, foi
repartido pela vizinha Espanha.
Com esta recapitulação
historiográfica pretendo exaltar
o Norte de Portugal que nunca
parasitou do esforço do resto
do país, antes foi solidário,
fiel e coeso, ao contrário de
fragmentos esporádicos de
revoluções mal-nascidas que
reivindicam para Lisboa e
arredores aquilo que a todos
deveria chegar por igual, ao
mesmo tempo e na mesma
proporção.
A
desproporcionalidade
ética que os Nortenhos têm
suportado desde há quase
nove séculos faz com que
os Transmontanos através de
gestos legítimos, como são as
casas regionais, entrelacem
ideias, boas vontades e
tolerâncias
cívicas
contra
aqueles que os tratam como
cidadãos de segunda.
A Casa Regional do Porto,
a exemplo das congéneres
de Lisboa, Braga, Guimarães,
Coimbra, Tomar, Viana do
Castelo, Algarve e outras no
estrangeiro continuam a existir
para
colmatar
sucessivas
injustiças flagrantes da vida
nacional.
A
Casa regional, com
sede no Porto, nasceu há 30
anos que foram comemorados
dia 8. Várias dezenas de
associados, apesar da crise,
marcaram presença. E ouviram
dos representantes dos seus
órgãos palavras de incentivo
aos jovens, para que não
esmoreçam no fervor que os
mais velhos lhes transmitem.
Com o peso dos seus 86 anos,
ali esteve o Sócio nº 4, Eduardo
Taveira da Mota, um empresário
que seria o Champalimaud
dos nossos dias se, como ali
foi dito pelo sócio nº 1, não
tivesse sido despojado dos
seus bens materiais e morais,
durante o PREC de triste
memória. Suas filhas Secília e
Sara gostaram de ouvir o apelo
à juventude. E reavivaram a
chama dos obreiros que há 30
anos fundaram a Associação
e adquiriram a sede própria,
abrindo esse espaço a quantos:
autarcas,
comerciantes
turísticos,
cooperativas,
autores, pintores etc. quiseram
divulgar as suas actividades.
Esse objectivo que presidiu ao
plano associativo vai manterse.
Quando em meados de
1984 nos foi lançado o repto
tínhamos lido em sondagens da
época de que viveriam cerca
de 500 mil transmontanos e
durienses na área residencial do
Grande Porto. Trinta anos depois
temos consciência de que a
desertificação
Transmontana
galopa a favor da região
região Portuense. São muitos
os Barrosões, os Valpacenses,
os Bragançanos que têm uma
segunda residência na capital
do norte. É uma triste realidade
social. Se o Estado Novo não
fez quanto deveria ter feito
pelo país periférico, mesmo
assim ainda fez muito mais
do que a democracia tem (des)
feito nestes 40 anos: escolas,
aldeamentos e terrenos para os
casais carenciados, repartições
públicas,
correios,
casas
do povo, centros de saúde,
acessos viários, saneamento,
iluminação eléctrica, de tudo se
fez. Nos 40 anos de democracia
tudo está a desmoronar-se:
escolas, centros de saúde,
repartições públicas, correios,
televisão, cantoneiros, fornos
do povo... e até o boi do povo
foi trocado pela inseminação
laboratorial.
TERRA FÉRTIL V
(Patata de Semente – Cont.)
Dr José Manuel
En vista dos tempos
incertos que atravesamos, e
non esquecendo que o que
máis parece preocuparnos é
a E