Nossa Senhora da Conceição 350 anos de fé e bençãos | Page 95

baixa das catacumbas , que se não franquea sem respeitoso acatamento ; lá está o seu dístico terrível , como se a mão mirrada da morte o escrevesse : nós fomos o que vós sois : vós sereis o que nós somos !
A multidão penetra , e pouco depois tudo se dispersa , e o silêncio sepulcral paira em torno de sua mansão . Essas terríveis e sublimes palavras , essa inscripção , essa verdade eterna que só por si bastara para embaraçar o passo ao assassino , para burlar o cálculo do ambicioso , parece que desterra , que aparta deste lugar tão aprazível pela sua vista aos habitantes de Nictheroy . Ah ! É que todos tem ali depositado relíquias caras e venerandas ! Quantas histórias de prantos não encerram esses leitos de morte ? Quem não tem chorado , regado ali aquella terra toda pó de gerações com lágrimas de dor e saudade ? Não descansa ali um médico ilustre devotado à humanidade ? Um poeta , cuja filosofia estoica , ajudou-lhe a supportar as vicissitudes de uma existência pezada ? Uma mãe adorada , uma esposa modesta , um filho roubado as esperanças paternaes , uma virgem ceifada aos quinze anos , bela como a flôr que se esfolha mal começa de desabrochar ? (...)”
( Texto que acompanha a imagem denominada “ Nossa Senhora da Conceição ”, publicada no trabalho intitulado Museo Pittoresco – Historico e Litterario , N º 51 de 16 de dezembro de 1818 . Disponível em : http :// memoria . bn . br / DOCREADER / DocReader . aspx ? bib = 897213 & pagfis = 438 )
Um exemplo detalhado de um enterramento nas “ Catacumbas da Conceição ”, está presente no livro “ A Imperial Cidade de Niterói ”, de Thalita Casadei . Nele , ela nos conta a história sobre quem foi o homem que deu nome ao largo do Marrão , no bairro de Santa Rosa . Ele se chamava Manoel Antônio Marrão , nascido em Portugal e proprietário de três chácaras na Rua Santa Rosa . O texto de Casadei não menciona o ano do seu nascimento , nem o do seu falecimento [ 20 ], apenas a data deste último : 1 º de julho e do seu sepultamento , no dia seguinte , na catacumba N º 51 da Capela de Nossa Senhora da Conceição . A sua pesquisa , realizada em documentos da Caixa – JPI , Caixa J . 1855 , do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro , quando este ainda era localizado em Niterói , apresenta ricos detalhes sobre o seu funeral , de forma a exemplificar para nós como eram feitas tais cerimônias fúnebres , de homens abastados , pela Confraria , no século XIX :
20 Não sabemos a data do seu falecimento , porém como o texto já se refere à Irmandade como Confraria , podemos concluir que o seu falecimento foi após 1850 .
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