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Uma viagem transexual entre o ser e o parecer A história de vida da modelo trans Marcela Thomé reflete não só o tempo no qual vivemos, mas um futuro cada vez mais libertador POR JEFERSON SANTIGO A sociedade sempre distinguiu quase que completamente homens de mulheres. A cada um dos gêneros, por muitos anos, foram atribuídos papéis diferentes. Por exemplo, a função do homem era a de trabalhar e manter financeiramente a casa, enquanto que a mulher precisava permanecer no lar para educar os filhos e cuidar do marido. Hoje, no entanto, outros termos surgiram para redefinir esses dois conceitos milenares e binários, além do que, muitas outras coisas mudaram. É o caso do termo transexual, que surgiu pela primeira vez em 1953, depois que o endocrinolo- gista alemão Harry Benjamin designou que indivíduos que estivessem insatisfeitos biologicamente com seus corpos, sobretudo por julgarem pertencerem ao gênero oposto, fossem denominados “transexuais”. Ser transexual é diferente de “cisgênero”, já que indivíduos denominados dessa forma se identificam, assim como estão em acordo, com o seu sexo biológico. É certo que, no que tange à arena sociocultural, gradativamente, corpo, sexo e sexuali- dade foram se transformando, à medida que se tornou descabível o julgamento por meio de outros setores no que diz respeito à liberdade de escolha sexual de cada um em sociedade. A modelo trans brasileira Marcela Thomé, um dos principais rostos da WAY, comenta sobre como foi o processo de se descobrir uma mulher trans.“Nasci em um corpo no qual não me sentia bem. Não foi fácil descobrir o que havia de errado comigo. Na verdade, não era um erro, mas sim uma correção que precisava ser feita para eu me sentir completa. Ou seja, adequar meu corpo com a minha alma. Eu descobri mais ou menos com 14, quando vi a Roberta Close”, reflete a modelo, de 21 anos. | 17