My first Magazine Revista Sarau Subúrbio ed 01 | Page 25

O L E G E N D Á R I O E T E M I D O T I N H O R Ã O Tinhorão é o nome de uma planta de teor tóxico e acabou incorporado ao nome de José Ramos, paulista de Santos, quando iniciou a carreira no Diário de Notícias, ao lado de Armando Nogueira e Jânio de Freitas entre outros. A acidez e ironia dos artigos motivaram a alcunha que ficou. Além disso tinha facilidade para legendar os textos. Por isso o título da biografia do crítico musical, que acaba de celebrar 90 anos, é TINHORÃO, O LEGENDÁRIO, escrita por Elizabeth Lorenzetti em 2009. No ano seguinte doou seu imenso acervo jornalístico ao Instituto Moreira Salles. A fama de polemista inveterado se ampliou em 1962 quando escreveu violento artigo contra o show de Bossa Nova realizado nos Estados Unidos. Dois anos depois acabou demitido da TV Excelsior ao reclamar de “gorilas censores” com o diretor e compositor Miguel Gustavo no elevador, sem saber que este se fazia acompanhar de militares. Também abriu embate com os tropicalistas, embora elogiasse DOMINGO NO PARQUE, de Gilberto Gil. Chegou a ser chamado de “agente da CIA” por Sérgio Cabral (pai), fato desmentido pelo ex-presidente da ABI, Maurício Azedo. Depois de passar por JB, Veja e Pasquim, passou os últimos pesquisando e escrevendo livros. “O Tinhorão, que sempre demonstrou preocupação com os artistas exilados perguntou como eles estavam. Hamiltinho respondeu que estavam bem, na medida do possível, mas tinha uma coisa para contar: o Caetano Veloso observara, a propósito da Bossa Nova que ‘o Tinhorão tem razão, aquilo tudo é uma merda’. O Tinhorão não mudou de cara:"Então porque ele não diz isso em público? Eu digo!” 1