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b ) estar fora da escola . Inicialmente o FEE tinha previsto apoiar 16 escolas e 14 comunidades e conseguiu , no final , apoiar 19 escolas , duas delas Escolas Secundárias , e 16 comunidades do Posto Administrativo do Mieze . Além disso , devido ao aumento de inscrições , as necessidades das escolas também cresceram : não só ao nível de infraestruturas , como de material escolar e didático para a escola e para os professores . Nesse sentido , depois de colmatar as barreiras e ultrapassar o número de crianças e jovens inicialmente previsto no projeto ( 3000 beneficiários ), foi , também , possível , com o FEE , apoiar as 19 escolas e 250 professores com material escolar . Durante o Projeto , foi construído o Centro Comunitário para a Proteção da Criança , que , para além de permitir os encontros da rede comunitária de proteção da criança construída nas 16 comunidades de intervenção , serviu , também , como porta de entrada às crianças e jovens deslocados internos e de biblioteca ao serviço da escola , equipada com materiais de ensino : livros didáticos , escolares e de apoio ao professor . O Projeto tinha , também , uma componente de apoio psicossocial , dinamizada em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa , onde , no total , foram formados em intervenção em crise e primeiros socorros psicológicos : 11 ativistas , 145 professores , 14 elementos do Conselho de Escola e 13 líderes comunitários . Desta forma , o Projeto alcançou um aumento de 87,5 % das escolas e comunidades do Posto Administrativo do Mieze , capacitadas para a prestação de apoio psicossocial . A complementar a atividade foram realizadas atividades de integração escolar e tutoria , operadas pelos alunos , como workshops sobre os direitos da criança , e torneios de futebol , que pretendiam levar para os recintos escolares uma forma de interação entre crianças e jovens deslocados e da comunidade acolhedora . No total , foram alcançadas as 16 escolas de intervenção e , destas , 93,5 % formaram 22 alunos . Para a sua dinamização , o Projeto apetrechou as escolas com equipamentos desportivos , redes para as balizas , bolas de futebol e bombas de ar para as bolas . O último resultado do Projeto foi alcançado com a produção de um policy brief , destinado aos decisores políticos das áreas da Educação e Ação Social , relativo às barreiras mais relevantes no ( re ) ingresso à escola dos alunos deslocados em contexto de conflito armado . Este resultou da análise de 468 questionários dirigidos a crianças e jovens deslocados internos em idade escolar e de três grupos focais com representantes de 16 agregados familiares e 7 professores , com o objetivo de complementar e validar a informação recolhida nos questionários . Da comparação entre questionários e grupos focais , verificou- -se que a falta de uniforme e material são as barreiras mais identificadas pelas crianças e jovens , enquanto a falta de comida em casa é a mais identificada pelos encarregados de educação e professores . Durante o período de execução do Projeto , existiram vários momentos nos quais as comunidades de intervenção viveram um clima de medo e insegurança , existindo um período no qual as atividades de terreno foram suspensas na sequência de ataques e incidentes . A adaptação das atividades e o trabalho de equipa , no sentido de encontrar soluções e alternativas para os desafios , foram a chave para os resultados e para a concretização do projeto . Se por um lado as abordagens participativas e de proximidade nas comunidades levaram ao desafio da gestão do tempo , por outro , fortaleceram as redes e as relações entre os vários intervenientes do Projeto ( ativistas , representantes da rede , líderes comunitários , Diretores das escolas , professores , Conselho de Escola ), demostrando , no final , ser essa a chave do sucesso para a articulação e realização das atividades propostas . Um Projeto , que devolveu a esperança a muitas crianças e jovens deslocados internos fora da escola , e que nos deu também mais esperança no caminho para o seu futuro .