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o apoio continua .

Cascais , Carlos Almeida

No ano de 2010 , a viagem de carro de Pemba a Mocímboa da Praia era longa e tortuosa . Os 350 km de distância desafiavam a mecânica do carro e a paciência humana . Sobretudo , após os primeiros 200 km , era à passagem pela Vila de Macomia que o verdadeiro calvário começava . Os 100 km seguintes demoravam 3 horas a fazer , numa estrada que combinava ausência total de pavimento com restos de alcatrão , formando autênticas ilhas no meio de uma imensidão de buracos maiores e menores . Como uma vez me disseram : “ Aqui buracos não se evitam , escolhem-se !”. A Helpo começou a trabalhar em Chinda , no Distrito de Mocímboa da Praia , em 2011 , e desde logo se criou uma ligação especial com esta comunidade . Por um lado , devido ao facto de ser tão distante de Pemba e obrigar a uma pernoita em Mocímboa da Praia , pelo que as visitas eram sempre longas e bem aproveitadas . Por outro lado , esta era a única comunidade , onde a Helpo trabalhava , com a população de uma etnia diferente , a Maconde , em contraste com as comunidades maioritariamente Macua , onde a Helpo trabalha desde 2008 . Ao longo dos anos , a ligação entre a Helpo e a comunidade foi se fortalecendo e coisas boas foram acontecendo em Chinda , pois a estrada foi arranjada , sendo subtraídas duas horas à viagem ; os edifícios escolares foram construídos ; a Helpo equipou uma biblioteca ; começou o programa de bolsas de estudo do Ensino Secundário “ Futuro Maior ”, que permitiu que muitos alunos pudessem rumar à vila sede de Mocímboa da Praia para prosseguir os seus estudos na Escola Secundária Januário Pedro . No final de 2017 , mais concretamente , a 5 de outubro , Mocímboa da Praia foi atacada pelos chamados insurgentes , o que provocou a fuga maciça dos alunos , que estavam no lar dos estudantes . A situação foi normalizada uns dias mais tarde mas , nos meses seguintes , continuaram a ser atacadas aldeias um pouco por toda a região . Naquela que seria a última visita feita pela Helpo a Mocímboa da Praia , em meados de 2019 , passámos por aldeias com casas queimadas devido ao ataque da noite anterior . Em março de 2020 , Chinda foi atacada pela primeira vez , com novas incursões nos meses seguintes , o que fez com que muitas pessoas tivessem passado largas semanas escondidas no mato , com visitas esporádicas à aldeia . Em junho de 2020 , foi feito o derradeiro ataque , que obrigou toda a população resistente a fugir com os poucos bens que conseguiu levar , vendo as suas casas serem queimadas . Também a escola foi vandalizada . A estrada , outrora em mau estado , é agora , desde Macomia , uma estrada deserta por estar sob controlo dos insurgentes , mais tarde denominados terroristas , que até à data já levaram cerca de 800.000 deslocados internos , cerca de 1 / 3 de toda a população da Província de Cabo Delgado a