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EDITORIAL

IMAGINE .

Caxias , António Perez Metelo

T odos estamos a viver tempos difíceis . A pandemia continua a expandir-se pelo planeta inteiro e , com ela , a quebra das economias , o desemprego , a redução dos rendimentos , a separação dos entes queridos ( mesmo , em dias festivos ), o cansaço , o desânimo ; para milhões , em todo o mundo , a dor da perda irreparável de alguém que nos é muito próximo ! E , ainda assim , a ciência vai acendendo luzes de esperança , ao conseguir criar vacinas , em esforço internacional e com uma rapidez inédita ! De tal forma que o contra-ataque ao coronavírus , que nos atormenta , se anuncia para daqui a breves meses e não , para daqui a anos ! Com todas as contrariedades , sofrimentos e adaptações , a vida continua : os miúdos das Fontaínhas , já jovens rapazes e raparigas , ensaiam mais altos voos ; a juventude nas Saibreiras faz seu o território do seu bairro , embelezando-o e , assim , ganhando uma nova consciência do seu papel insubstituível na comunidade , cada vez mais , sua . Na Guiné- -Bissau, em São Tomé , no Dombe ou na Ilha de Moçambique , a pandemia não pára as atividades dos quadros da Helpo no terreno , seja nos campos da nutrição materno- -infantil, seja da educação de crianças e de jovens . Mesmo com uma ameaça insidiosa e invisível ( ainda ) à solta , a vida continua , sim – imparável ! Mas a situação em Cabo Delgado , no norte de Moçambique , é diferente ! Imagine o leitor estar a viver numa Província só ligeiramente mais pequena do que o território de Portugal Continental , de uma beleza natural de tirar o fôlego , com somente 2,5 milhões de habitantes muito pobres , que ostentam um produto por habitante , que não vai além dos 600 €, por ano ( porque os bens agrícolas de subsistência , dos quais vive três quartos desta população , nem sequer chegam ao mer- cado e às estatísticas oficiais , de base monetária !…). Agora , feche os olhos e imagine o que significa sobreviver , no espaço de ano e meio , a um furacão , o Kenneth , que destruiu tudo numa larga faixa desse território , a uma pandemia , com os escassos recursos sanitários e de acesso a água potável existentes e ao recrudescimento de ataques armados , com destruições e assassinatos indiscriminados , destinados a espalhar o pânico e o terror entre a população rural indefesa ! O resultado acumulado de tanta desgraça , apurou a UNICEF , são presentemente 712 mil PIN ( People In Need )! Os deslocados internos já perfazem meio milhão , dos quais umas duas dezenas de milhar se encontram acolhidas em comunidades com presença da Helpo , desde 2009 . Ajudar a sobreviver esta gente , integrar as crianças no ensino , mal reabram as aulas , requer um esforço financeiro , por parte da Helpo , superior às nossas posses ! Sim : confessamo-nos agradecidos e encorajados ao constatar , que a quebra nos apadrinhamentos , ao longo deste ano de cintos apertados , foi mínima . E que os padrinhos e madrinhas da Helpo apoiam a reconversão do trabalho no terreno ( com as escolas fechadas ) para a prevenção da Covid-19 e para a emergência humanitária ! Mas também confessamos não dispor de reservas financeiras para custear tudo o que imaginamos dever fazer nos próximos meses , em Cabo Delgado ! Por isso , mantemos aberta a conta “ Emergência Moçambique ”! Por isso , sugerimos a oferta , de Presentes Solidários neste Natal , representados por pulseiras que , nos nossos pulsos , simbolizam , mais do que em anos anteriores , a partilha solidária que sustenta a vida – contra todas as forças adversas !