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MOÇAMBIQUE

PADRINHOS E AMIGOS DA HELPO os verdadeiros agentes de saúde pública em Moçambique .

Cascais , Carlos Almeida

C onhecendo bem a realidade moçambicana , ao sabermos da pandemia do novo coronavírus ficámos a imaginar um cenário catastrófico . Mas , apesar de tudo fazer prever o pior , o Ministério da Saúde tomou medidas enérgicas e , ao primeiro sinal , foi firme nas decisões empreendidas . Assim , ainda antes do dia do primeiro caso notificado , a 22 de março , o Presidente da República decidiu suspender a emissão de vistos e o cancelamento dos vistos já emitidos . E , a 23 de Março , determinou o fecho das escolas e interditou o ajuntamento de pessoas . A preocupação da equipa da Helpo em Moçambique , que se viu privada de dois elementos que se encontravam em Portugal e ficaram impedidos de regressar , foi continuar com os trabalhos . Por um lado , conseguir chegar aos nossos beneficiários , as crianças e jovens das comunidades onde estamos presentes e , por outro lado , mostrar aos Padrinhos , Madrinhas e Amigos da Helpo que continuamos a trabalhar e a tentar minimizar os problemas inerentes a esta pandemia . Foi dentro desta lógica que decidimos começar a fazer máscaras comunitárias com recurso a dois dos nossos colaboradores de longa data em Nampula , que são costureiros , e já estando habituados a participar na confeção de uniformes escolares , adaptaram agora a sua mestria para o fabrico de máscaras , tendo produzido 500 unidades na primeira fase . Também alocámos fundos para apoiar Centros de Saúde e Hospitais das zonas onde operamos , para a aquisição de material de higienização e limpeza , material de proteção e a compra dos indispensáveis termómetros infravermelhos , que fizemos chegar a todos os Distritos onde estamos presentes . Foram feitas campanhas de sensibilização junto das nossas crianças antes do fecho das escolas , distribuído material de limpeza e higienização e panfletos por Centros de Acolhimento de Crianças órfãs e vulneráveis ( seis Centros em Cabo Delgado e dez Centros em Nampula ), e foi distribuído material por Hospitais e Centros de Saúde . Foram também feitas obras de recuperação na ala de Pediatria do Hospital da Ilha de Moçambique . De referir o apoio da GALP e da Fundação GALP , que imediatamente decidiu canalizar os fundos dos seus projetos com a Helpo para a prevenção da COVID-19 , e também da empresa Ecesis , que nos apoiou na compra dos termómetros . No que diz respeito aos números da desgraça , à data da escrita deste artigo , foram testados no país 114.333 casos suspeitos notificados , dos quais 5.269 ( 5 %) foram positivos para a COVID-19 , tendo havido até à data a perda de 35 vidas . Dos casos positivos , 396 dizem respeito a crianças menores de idade . A faixa etária dos 30 aos 39 anos é a mais atingida , com 1294 infetados . É importante referir que a pirâmide etária moçambicana é completamente diferente da portuguesa , com uma população muito mais jovem . Analisando por proveniência dos casos , verifica-se que a Cidade de Maputo 2129 ( 40 %) e as províncias de Cabo Delgado 655 ( 12 %) e Nampula 561 ( 11 %) registam o maior número de casos . Esperemos que os esforços empreendidos pelas entidades governamentais , pela Helpo e , sobretudo , pela população em geral , venham a impedir que os números se tornem mais alarmantes !