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lhes é atribuída, rindo, tagarelando, cantando, enquanto os
filhos se divertem em grupo, banhando-se ou jogando à bola.
Imagens que também retenho da minha infância... Neste
contexto, a introdução das máquinas de lavar roupa seria, no
mínimo, controversa!
Para o desejável desenvolvimento, é urgente fazer de campanhas
de conduta cívica entre a população, o que é particularmente
evidente a nível da restauração, onde são escassas as
normas de higiene na preparação dos alimentos, e onde os
excelentes produtos da terra nem sempre são devidamente
valorizados. O ambiente pode também ganhar, apostando-
-se na sustentabilidade dos recursos e divulgando práticas de
reciclagem dos resíduos orgânicos - um trabalho que bem
pode ser implementado pelas ONGD. Estas organizações têm
desenvolvido, com muito mérito, aprendizagens pedagógicas
adequadas ao nível dos diferentes ciclos de estudo e incentivando
comportamentos com vista à melhoria da saúde publica,
com resultados ainda tímidos, mas já evidentes. A Helpo é
uma destas ONGD que, nos países em vias de desenvolvimento,
trabalha junto das instituições locais em áreas ligadas à infância,
educação e saúde materno-infantil e nutricional, numa
perspetiva de desenvolvimento sustentável.
Fui a São Tomé a convite da Helpo com o objetivo de determinar
o teor de alcoólico da seiva da Palmeira (Elaeis Guineensisjacq).
As análises foram efetuadas no laboratório do
Centro de Investigação Agronómica e Tecnológica de São
Tomé e Príncipe (CIAT), a quem, desde já agradeço todo o
apoio técnico/cientifico.
A seiva da palma a que os santomenses chamam “vinho da
palma” é uma bebida muito popular e constitui o sustento
de várias famílias. Ao percorrer a ilha durante a manhã, podemos
encontrar pequenas vendas ao longo da estrada, em
que, entre outros produtos, se comercializa o vinho de palma
recolhido nessa madrugada.
A bebida, obtida por sangria da palmeira, tem uma consistência
leitosa, é adocicada e agradável, sendo consumida sem
qualquer receio por futuras mães e mulheres que amamentam.
No entanto, o teor alcoólico que, de início é baixo, vai
aumentando com a temperatura e o tempo que decorre entre
a colheita e o consumo devido à presença de açúcares.
Ao contrário do que, de facto, acontece e ficou provado nos
resultados analíticos que obtivemos, a população considera
que, nas primeiras horas da manhã, a bebida ainda não contém
álcool. Torna-se, portanto, necessário informar corretamente
as mães no sentido de protegerem os filhos também
a este nível. Entre homens, é muito comum o consumo de
vinho de palma em tabernas, ao fim do dia. Aparentemente,
não será tão grave como no caso das mães. No entanto, é
habitual beberem em frascos de meio litro, recuperados das
conservas, em condições em que o teor alcoólico poderá ser
mais elevado devido ao tempo que ocorreu depois da colheita.
É sempre difícil lutar contra hábitos de convivencialidade,
enraizados na população, e que constituem, quer se goste,
quer não, marcas identitárias. O álcool faz parte da “festa”,
e o desafio será levar o seu consumo a níveis aceitáveis, sem
perder o objetivo de proteçáo das camadas mais vulneráveis.
Neste sentido, o projeto POPMISA tem levado a cabo actividades
de sensibilização cujos resultados, necessariamente ainda
tímidos, já se fazem notar. Não será expectável alterações
culturais imediatas, pelas suas caraterísticas específicas, mas
qualquer pequena melhoria no comportamento face ao consumo
de álcool, sobretudo em grávidas e crianças, já é uma
grande vitória, e todos os que estão envolvidos no projeto
sabem-no muito bem. Mas sabem também que o futuro se
constrói assim, em pequenos passos, um de cada vez...
A todos agradeço a possibilidade que tive para conhecer a
realidade da vida na Ilha e o trabalho incansável desenvolvido
pelo POPMISA.