�
EDITORIAL
ENFRENTAR
OS QUATRO
CAVALEIROS.
Lisboa, António Perez Metelo
E
i-las de novo, as ancestrais ameaças – celebrizadas
na célebre gravura de Albrecht Duerer - que, desde
tempos imemoriais, galopam por vagas e ameaçam
tudo aquilo que os seres humanos vão construindo ao longo
dos séculos! Costumamos esquecê-las, sobretudo nas
sociedades abastadas, mas elas sempre atormentaram o
dia a dia dos mais fracos, dos mais indefesos. Um vírus veio
sacudir-nos, de alto a baixo, mudando-nos o dia a dia de
forma radical e obrigando-nos a despertar, serena e coletivamente,
à escala mundial.
As escolas estão fechadas: em Portugal, em Moçambique,
em São Tomé e Príncipe. Mas a Helpo, através de todos
os seus quadros, mantém-se nos diferentes terrenos de
atuação – por decisão expressa de todos! - adaptando rapidamente
as suas ações e prioridades às exigências do
momento: teletrabalho de tarefas administrativas e de
atendimento; ações de formação para prevenção do coronavirus
junto dos Animadores da Associação; fornecimento
de equipamento prioritário de saúde, em estreita colaboração
com as autoridades locais de Saúde; elaboração de
material de informação para as boas práticas na luta contra
o Covid-19 nas comunidades de implantação da Helpo; produção
de sabão e de máscaras reutilizáveis; distribuição de
alimentos de emergência aos que se vêem, subitamente,
sem meios para o seu ganha-pão.
Sempre e só, à nossa medida, da forma mais efetiva que
conseguimos trabalhar.
Esta edição da nossa revista, chega aos seus leitores com
considerável atraso, pelo qual eu peço, em nome de todos
os que a produzem, desculpa! Mudanças deste calibre na
atuação de toda uma ONGD baralham as prioridade e sacodem
rotinas. Mas, ainda que um pouco mais tarde, é vital
para a nossa Associação que quem nos lê saiba que mantemos
inalterado – se possível, está mesmo mais agudizado!
– o nosso empenho em manter os milhares de madrinhas
e de padrinhos de crianças à distância bem e prontamente
informados de tudo o que fazemos para apoiar as comunidade,
nas quais esses meninos e meninas se inserem. O coronavirus
não há-de conseguir, sequer, enfraquecer o laço
que nos une e tem sido, ao longo destes 12 anos, a chave
do crescimento sólido e sustentado da Helpo!
Os meios de comunicarmos é que têm, também eles, de
adaptar-se à emergência global, que vai ter consequências
económicas e sociais muito fortes nos próximos dois a três
anos: os meios eletrónicos terão, agora, de estar no centro
do nosso diálogo. Nesse sentido, tal como já o fizéramos na
resposta à catástrofe do Ciclone Idai, criámos o site covid19.
helpo.pt, com notícias do dia a dia do combate da Helpo à
pandemia em curso. Convido, ainda, os leitores da ‘mundo
h’ a visitarem com maior frequência a nossa página do facebook,
HELPO ONGD, e tudo o que os nossos quadros vão
fotografando e informando do terreno, colocado no Instagram.
Por sua vez, a ‘mundo h’ não deixará de vos pôr a par do
mundo, à escala da Helpo, que tantos à nossa volta vão
construindo, como este número procura ilustrar. E as campanhas
de angariação de fundos, como a atual consignação
do IRS em curso, não podem parar! Para que a base financeira
da Helpo - razão primeira da continuidade sem falhas
do trabalho nas comunidades – não se veja debilitada. Para
tanto, todos e cada um de vós, com familiares e amigos, podem
dar o seu contributo.
Na hora do medo, há que deixar passá-lo por nós, manter
o foco e continuar a ‘helpar’ os de sempre. Os que, subitamente,
agora que a incerteza nos bate à porta, surgem com
uma imagem mais nítida aos olhos de todos. Os que, ao longo
das suas vidas pressentem, sempre pressentiram, o som
ameaçador do galope desses sinistros Quatro Cavaleiros.