SÃO TOMÉ E PRINCIPE
POPMISA -
Os primeiros passos.
São Tomé, Madalena Ortigão
C
heguei a São Tomé em janei-
ro para arrancar com o projeto
POPMISA – População Materno
Infantil Sem Álcool em São Tomé e Prín-
cipe -, um novo desafio da Helpo, com
a duração de 18 meses, que tem como
principal objetivo aumentar o conheci-
mento sobre os riscos do consumo de
bebidas alcoólicas na população alvo.
Durante as primeiras semanas, estive a
absorver e a conhecer o máximo que
consegui deste país, pequenino e insu-
lar, onde vou passar o próximo ano e
meio. Desta forma, fui tentar compreen-
der melhor a dimensão do problema
que ia trabalhar: o consumo de álcool
na população de São Tomé e Príncipe,
mais especificamente, nas mulheres
em idade fértil, mulheres grávidas e em
crianças dos 0 aos 5 anos.
O projeto nasceu da experiência, que
a Helpo tem vindo a acumular desde
2012, no PANMI – Programa de Acom-
panhamento Nutricional Materno Infan-
til. Foi neste contexto, que as nutricio-
nistas se depararam com a dimensão do
problema e o quão pouco abordado é o
consumo de álcool na população mater-
no infantil deste país.
Do estudo e contextualização deste pro-
blema social nasceu o POPMISA – Popu-
lação Materno Infantil sem Álcool em
São Tomé e Príncipe.
Depois de acompanhar as consultas do
PANMI nos diferentes postos de saúde
do Distrito de Cantagalo e ir com as
equipas móveis a comunidades mais
isoladas, rapidamente percebi a dimen-
são do problema e a necessidade de o
combater. Durante o período de consul-
tas várias mães chegam com os filhos às
costas, alcoolizadas, algumas delas ain-
da a amamentar. Em muitas comunida-
des, as “tendas” que vendem vinho da
palma (bebida alcoólica com teor de ál-
cool desconhecido, extraída da seiva da
palmeira) ficam rodeadas de pessoas,
logo pela manhã, que por lá passam o
dia. Os bebés e crianças ficam a brincar
por perto e, quando querem, vão ter
com os pais/avós/vizinhos que lhes dão
a provar o “sumo” da palmeira.
Em Portugal, o consumo de álcool
durante a gravidez e infância é, feliz-
mente, pouco comum. É de conheci-
mento geral, que uma mulher grávida
não pode beber durante os 9 meses de
gestação, que durante a amamentação
o consumo deve ser muito reduzido e
que é impensável dar bebidas alcoólicas
aos bebés. Já em São Tomé e Príncipe, a
realidade é bastante distinta. Os riscos
associados ao consumo de bebidas al-
coólicas não são tão conhecidos, sendo
muito comum e culturalmente aceite,
que uma mulher grávida beba uma ou
mais garrafas de 50cl de cerveja nacio-
nal ou copos de 50cl de vinho da palma,
por dia.
O POPMISA, desenhado pela Helpo em
conjunto com o Ministério da Saúde de