ESPECIAL EMERGÊNCIA
um Portugal mais
que Solidário.
Cascais, Cláudia Francisco
“
Muito bom dia, o meu nome é
Cláudia e estou a contactar da As-
sociação Helpo, no âmbito da tra-
gédia que assolou Moçambique no pas-
sado dia 15 de março. Venho solicitar o
apoio da sua empresa para a Missão de
Emergência da Helpo na ajuda às popu-
lações afetadas pelo Ciclone Idai.”
Foi desta forma, que comecei inúme-
ras conversas telefónicas com diversas
empresas parceiras e amigas da Helpo,
que recebi inúmeros contactos de orga-
nizações, autarquias, escolas e indiví-
duos dispostos e motivados para nos
ajudarem nesta missão. Telefonemas,
e-mails, visitas e entregas, para as quais
não tínhamos “mãos-a-medir”. Foram
dias intensos de apelos aos portugue-
ses, com o foco nos que mais precisa-
vam da nossa solidariedade, do outro
lado do Mundo. Daqueles, pelos quais
unimos esforços, mãos e corações, para
vermos um sorriso de conforto nas suas
vidas, incomparavelmente mais difíceis
do que as nossas.
Nem episódios, que correram menos
bem, nas angariações de bens das úl-
timas tragédias em Portugal, fizeram
com que os portugueses baixassem os
braços perante esta calamidade. Talvez
sejam as ligações de muitos a Moçam-
bique, talvez pela História dos antepas-
sados ou pelas ligações profissionais.
Todos queriam ajudar, uns com bens
em géneros, outros com donativos em
dinheiro, outros com algumas horas do
seu tempo a triar os bens, a fechar cai-
xas ou a carregar contentores.
Empresas de vários ramos apoiaram
a Helpo na campanha de angariação
de bens: indústrias alimentares e de
bebidas, de produtos de higiene e de-
sinfeção, de confeções, farmacêuticas,
lojas de roupa e de desporto, super-
mercados, entre outros. Foram também
inúmeras e imensamente criativas as
formas de angariação de donativos, que
reverteram para a Helpo: jogos de fute-
bol, torneios de padel, concertos, festas,
eventos religiosos.
165 empresas, 95 organizações e autar-
quias, 75 infantários, escolas e univer-
sidades, 250 particulares e 345 vo-
luntários, são todos dignos do nosso
reconhecimento e menção neste texto,
embora a sua identificação, um a um,
seja impossibilitada pelo seu elevado
número.
Para além desta preciosa ajuda, a Helpo
angariou 1124 donativos em dinheiro,
no valor total de 262.567,78€, até ao
fecho desta edição. Os bens recolhidos
foram enviados para Moçambique em 5
contentores de 40 pés, por via marítima,
com destino ao porto de Nacala e, pos-
teriormente, encaminhados às vítimas
dos ciclones Idai e Kenneth. Estes con-
tentores acondicionaram 367 500 itens,
equivalendo a 121 toneladas de bens
alimentares, de higiene, roupa, mantas
e colchões. Os primeiros três conten-
tores já chegaram ao terreno e estão a
permitir dar continuidade à distribuição
de kits de apoio às famílias afectadas
pelos ciclones.
Não me restam palavras para agradecer
o carinho e apoio de todos os portugue-
ses, que se encheram de solidarieda-
de para fazerem a diferença na vida de
tantas famílias moçambicanas devasta-
das pela tragédia de dois ciclones, que
chegaram sem avisar e viraram as suas
vidas do avesso.