MULTIVERSE MAGAZINE 01.jan.18 | Page 13

Q

uando a Mulher Maravilha

estreou em All Star Comics

#8, gibi da DC Comics lançado em 31 de dezembro de 1941, naquele mesmo mês, a base norte-americana de Pearl Harbor foi atacada pelo exército japonês, marcando um dos episódios mais sangrentos e trágicos para os Estados Unidos na II Guerra Mundial. A operação levou à entrada do país no conflito. Nas bancas, milhões de revistas de quadrinhos eram vendidas – era a chamada “Era de Ouro” delas, dominadas principalmente por homens em papéis de protagonismo. A chegada da Princesa Amazona causou o revés nesse cenário. Quando se deu início ao universo dos quadrinhos, os personagens eram predominantemente masculinos e as mulheres, quando apareciam nas histórias, serviam como o par romântico dos protagonistas. Super-heróis como Batman e Superman já faziam grande sucesso e coube à esposa de William Marston, Elizabeth Holloway Marston, a ideia de se criar uma super-heroína.

Eu vou lutar, por todos aqueles que não podem lutar por eles mesmos.

A Mulher-Maravilha surgiu a partir desse momento e se tornou “o novo tipo de mulher que deve governar o mundo”. Considerada desde a sua criação, no início da década de 40, um modelo do poder feminino, a Mulher-Maravilha, ainda hoje, é símbolo do movimento feminista, como já era de se esperar. Segundo Marston e sua esposa, Elizabeth, mulheres possuem o potencial de serem tão boas quanto homens: podiam ser, até mesmo, superiores a eles. É claro que, ao longo dos anos, a história de Diana Prince sofreu modificações e passou por altos e baixos. Na televisão, a personagens se tornou famosa em uma série de TV na década de 70 e foi interpretada por Lynda Carter. A série durou três temporadas e foi exibida no Brasil.

Mas o fato é que, com o tempo, a Mulher Maravilha foi perdendo um pouco de sua força, apesar de fazer parte da Liga da Justiça, que virou um desenho de sucesso no início dos anos 2000. Para retomar a importância da Amazona em um momento da sociedade em que a luta das mulheres se tornou um movimento forte – e necessário – a personagem retornou com tudo na pele de Gal Gadot e está incrível como nunca. A primeira aparição da Mulher Maravilha de Gal Gadot aconteceu no filme Batman vs. Superman (2016). O filme não foi um sucesso entre os críticos, mas, se algo foi elogiado no longa, com certeza foi a aparição da super heroína. Em 2016, a personagem também comemorou 75 anos. É claro que a imagem da Mulher-Maravilha foi debatida na internet, principalmente sobre seu uniforme e a possível sexualização da personagem no cinema. Lindy Hemming, figurinista do novo filme de Diana Prince, deixou claro que o tamanho ou modelo da vestimenta não é um entretenimento gratuito para os homens. Afinal, feminismo é o direito de escolher o que vestir. Outro ponto colocado em questão no filme da Mulher-Maravilha é que mulheres não precisam de traços masculinos para serem consideradas fortes ou poderosas. Mas uma crítica muito feita a Gal Gadot se referiu ao fato da atriz ser “muito magra” e não ter seios o suficiente para o papel, como se essa fosse uma obrigação da personagem. De qualquer maneira, nada impediu Gal Gadot de brilhar como Mulher-Maravilha no cinema. O objetivo da Mulher-Maravilha sempre foi muito além de apenas inserir uma mulher no universo dos quadrinhos: a personagem mostra que mulheres são fortes, independentes, donas de si e não precisam ser salvas. É inegável também que a super-heroína abriu as portas para outras personagens femininas fortes nesse universo. E o que queremos é que toda essa força, que naturalmente existe dentro de cada mulher, consiga ser retratada como merece no novo longa da Mulher-Maravilha.