Mulheres que nos arquitetaram Projeto Mulheres que nos arquitetaram | Page 196
Mulheres que nos arquitetaram
Thomas era amigo da gente pequena e nós o
adorávamos como a um Deus. Numa manhã de
junho meu pai morreu. Até então eu nunca me
havia dado conta da morte. Morte era para mim
dia bonito, cheio de gente em casa.
Morávamos perto do cemitério. Sempre moro
perto de um, é a minha sina até hoje. No dia de
Finados, as amigas de mamãe iam de véspera
e faziam lindas braçadas de flores. Eram tantas
que enchiam nossa área. Todo mundo ia levar
uma flor para alguém. Nós, até ali, não
tínhamos perdido ninguém. Uma flor para um
amigo, nada mais. Eu achava aquilo lindo e
ficava triste quando o dia acabava e as pessoas
iam embora. Morte era flor, amigos se
encontrando e um dia alegre. Mas aí foi
diferente. Papai se foi, calmo e tranqüilo. Eu vi.
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