GENNARO FATTORI – O BEIJO DA MORTE
Homero agora descia as escadas aos tropeços, como se fosse seu último dia de
vida; se arremessava para frente, pulando vários degraus; seu tornozelo doía a cada
impacto com o solo. O motivo desse desespero vinha da vista através da janela
embaçada de seu escritório. Havia visto sua futura esposa ser arremessada a três
metros de distância, o asfalto estava úmido, então sua amada deslizou pelo chão,
deixando algumas partes proeminentes do corpo em carne viva. Ao chegar à rua, a
cabeça de Homero latejava e a adrenalina ocupava seu peito.
O sangue corria como um rio sem afluentes sobre a testa dela, e os olhos,
ainda com um pingo de vida, fitavam Homero que, em prantos, ainda incrédulo,
tentava salvar sua amada (só faltava descobrir como, era visível o desespero em seus
olhos). Quando se tocou que não havia mais nada a fazer, simplesmente deixou sua
face cair sobre os seios de sua prometida. O coração dela já estava inativo, enquanto
o dele batia tão forte que se podia ver o movimento em seu tronco. Só levantou a
cabeça quando começou a escutar o som agudo da ambulância dobrando a esquina.
Antes de ela chegar, ainda deu uma olhadela para o corpo estirado no chão e beijou a
face translúcida de sua mulher. E esse foi o último e mais dolorido beijo qu