Minha primeira Revista Revista dos Projetos Interdisciplinares volume 1 | Page 6
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As distribuições espaciais dos seres vivos não obedecem a ordem aparentemente lógica de
que uma determinada espécie habitante de um ambiente deve necessariamente habitar
todos os ambientes similares da Terra. Por exemplo, um leão, habitante das savanas africanas
não habita os campos do cerrado brasileiro. Em algumas ilhas oceânicas, a biota residente é
similar àquela que vive no continente subjacente a não ser por pequenas diferenças nas
espécies. Por exemplo o que ocorre no Arquipélago de Galápagos e que veio a ser descoberto
por Charles Darwin em sua famosa viagem a bordo do HMS Beagle.
Mais uma exemplo é o que ocorreu com os camelídeos (família a que pertencem os camelos,
dromedários, lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos) através de sua história evolutiva. O
registro fóssil traz evidências de que esta família de mamíferos tenha surgido na América do
Norte há cerca de 45 milhões de anos, tendo se diversificado muito nesta região. Contudo há
cerca de 2 ou 3 milhões de anos, esta família trilhou seu caminho a oeste, atingindo a Ásia e
posteriormente chegando à África, o que originou os camelos e dromedários que conhecemos
atualmente. Além dessa dispersão, houve também uma onda de distribuição acompanhando
a grande troca americana de biota através do Istmo do Panamá em uma época similar à
invasão da Ásia pelos camelídeos. Esta migração para o sul resultou nos guanacos e lhamas,
e vicunhas e alpacas.
Estes padrões de distribuição deixam claro que a vida na Terra não só não é estática, como
também acompanha as mudanças no planeta. Mas na época de Darwin, Wallace e Linnaeus,
pouco se conhecia sobre como o globo terrestre muda. Somente no século XX foi proposta a
teoria da deriva continental por Alfred Wegener (1880-1930). Esta teoria explica como os
continentes, mares e ilhas não estão imóveis. Através de movimentos subterrâneos, os
continentes flutuam e derivam como embarcações no oceano. Esta teoria iluminou ainda