Minha primeira Revista Revista Aécio Neves | Page 17

Senador, os municípios pedem socorro diante da crise financeira que vivem, em Minas em especial. O que fazer? É de fato uma crise sem precedentes nos últimos 30 anos ou mais. As prefeituras já vinham sendo penalizadas pela repartição desigual das receitas públicas, fortemente concentradas no governo federal, e os gastos crescentes. Especificamente com salários e previdência. A situação piorou quando os estados quebraram, com a recessão gerada pelos governos do PT no plano federal. Em Minas, as prefeituras chegaram a ter confiscados repasses de ICMS e de recursos da saúde e educação, o que é inaceitável. O caminho agora é reaquecer a economia e buscar um novo pacto federativo que distribua de forma sustentável as obrigações e as receitas entre União, estados e municípios. Os novos royalties da mineração podem recompor a receita das prefeituras em MG? As novas regras da CFEM ou novos royalties são a mais importante mudança ocorrida nos últimos anos em favor dos municípios mineiros. Como relator no Senado da MP 789, que mudou a base de cálculo e corrigiu as alíquotas da CFEM, trabalhei para que as mudanças fossem ainda maiores, mas, sem dúvida, foi uma conquista há muito reivindicada. Historicamente, a compensação financeira feita aos municípios que sofrem a exploração mineral foi muitas vezes menor comparada aos royalties do petróleo. Durante 20 anos defendi e cobrei do governo federal mudanças nas regras, o que, felizmente, ocorreu em 2017 e já impactou a receita de dezenas de cidades em Minas. As eleições mudaram o perfil dos governadores e parlamentares com a vitória de nomes fora da política. Como sr. avalia esse quadro? Uma mudança significativa e esperada, uma vez que a sociedade vinha manifestando sua insatisfação com determinadas práticas politicas. Um sentimento de decepção que cresceu na medida em que os compromissos feitos ao longo dos últimos anos não foram cumpridos. A eleição do presidente Lula, em 2002, gerou enorme expectativa de que reformas muito aguardadas enfim ocorreriam. Que teríamos um país menos desigual. As promessas e expectativas vieram se somando e acabaram naufragadas. As denúncias de desvios e corrupção foram decisivas para que a sociedade reagisse ainda com mais vigor contra partidos e políticos. Da mesma forma, acredito que a eleição dos nomes fora do campo político acontece agora com grande expectativa da população. Espero que eles correspondam à confiança que receberam nas urnas. O sr. presidiu a Câmara dos Deputados. É uma Casa que conhece bem. Acredita que a reformas pretendidas serão aprovadas? Fui eleito deputado federal por quatro mandatos consecutivos antes de governar por Minas. Presidi a Câmara, fui líder do governo FHC e participei de debates e decisões históricas que mudaram o Brasil. Estava na Câmara quando fizemos a nova Constituição e coordenei, como presidente, a aprovação do chamado pacote ético. Também quando aprovamos o Plano Real, que pôs fim à hiperinflação. É a Casa Legislativa que verdadeiramente representa a totalidade e a diversidade dos brasileiros e onde são decididas as questões nacionais. As reformas prometidas pelo novo governo são fundamentais para destravar o crescimento do país. Como deputado federal trabalharei para que Minas e o Brasil superem o atraso a que os governos do PT nos lançou. Sinto enorme entusiasmo de, assim como fizemos na Constituição de 88, termos a chance de levar o país a um novo ciclo de desenvolvimento. O sr. responde a acusações feitas na delação de Joesley Batista. Espera provar sua inocência? Vou provar. Em 32 anos de vida pública não pratiquei ato ilícito. Disputei, em 2014, uma eleição contra a então presidente da República numa campanha milionária do PT, onde fizeram todo tipo de ataque aos adversários. Dispararam milhões de mensagens falsas (fake news). Mentiram porque não tinham um fato real sequer contra mim. Dois anos depois, como dirigente do meu partido, estive à frente do debate sobre o processo de impeachment da presidente, em razão dos crimes de responsabilidade fiscal cometidos em seu governo. Pois bem. Meses depois de o Congresso aprovar o impeachment, surgem acusações forjadas para me incriminar. Forjadas por criminosos confessos de mais de 200 crimes e que multiplicaram suas fortunas durante os governos do PT. Um empréstimo pessoal, sem um centavo de dinheiro público e sem nenhuma contrapartida minha, como senador, foi transformado numa ação criminosa. Tenho a consciência em paz e espero que a Justiça perceba que fui vítima de uma armadilha. Qual a expectativa para o novo ano legislativo? O governo Temer sucedeu os ciclos perversos do PT e conseguiu interromper a queda do país no fundo do poço da recessão, mas não conseguiu a aprovação no Congresso das reformas necessárias. As eleições trazem novo ânimo, novas forças legitimadas pela sociedade. Acredito que este vigor, fruto da democracia, cria as condições políticas para aprovação das reformas essenciais e adiadas por mais de uma década. Torço para sejamos bem sucedidos nesse esforço. Informativo de Atividade Parlamentar do Senador Aécio Neves # 17