Minha primeira Revista 1 | Page 10

médio técnico em

secretariado. Pra tu teres uma ideia, eu não tinha tido química, física e biologia (a

entrevistada mesmo assim, conseguiu gabaritar a prova de química, isso sim é

determinação). Eu me iludia que era possível passar no vestibular da UFRGS,

tinha que caminhar muito pra aprender. Então acho que foi assustador mas, ao

mesmo tempo, fantástico! Conheci muitas coisas boas e aprendi a gostar de

muitas outras... teatro, cinema, boa música, bom livro, passei a ler muito mais

quando cheguei aqui. Se abriram muitos horizontes, principalmente culturais, a

vida lá nos privatizava de muita coisa, hoje não mais, por causa da tecnologia,

mas na nossa época não tínhamos esse contato.“

Quando veio para a cidade?

A entrevistada contou-nos que veio para a cidade no ano de 1983.

Valeu a pena a mudança?

"Sim, valeu muito a pena. As possibilidades, o que eu aprendi, o que eu conheci. O desejo de seguir me fez não voltar pra lá." Apesar disso, ela nos contou que se voltasse para o campo, saberia sobreviver muito bem, mesmo com tantas novas tecnologias e mudanças."É uma coisa que eu gosto muito. Enquanto eu estive lá, eu fazia com muita propriedade, eu gostava de fazer, gostava de ser agricultora."

Tem planos de voltar ao campo?

"Eu te diria que é díficil um retorno ao campo, pela vida que tu acaba criando.

Talvez gostasse de ter uma casa, mas ao mesmo tempo, o que se teve aqui (na cidade) também faria falta, então dificilmente eu voltaria definitivamente.

Se eu voltasse a morar no campo, não viveria só mais dele. Gosto muito do que eu faço, então, se eu fosse para lá teria várias possibilidades, como assumir um projeto na saúde ou trabalhar como professora universitária. Hoje lá, eu teria esses recursos, por ter universidade na cidade." Ainda nos contou seu sonho: "se eu pudesse realizar financeiramente, eu faria uma vinicultura." Super legal!

Mesmo dia da foto posterior, em visita a Sarandi.