ENTREVISTA
Reforma da Previdência é essencial
para o crescimento do Brasil
Um dos palestrantes da Mercosuper 2019, Luis Artur Nogueira, aceitou conversar com a SuperMix em uma
entrevista especial sobre o atual governo, a economia brasileira e as perspectivas para o futuro. Ele é jornalista,
economista e palestrante, além de colunista da revista IstoÉ Dinheiro e do Portal IG.
Confira a entrevista na íntegra.
Revista SuperMix: Como você avalia o governo
atual?
Luís Artur Nogueira: Em primeiro lugar, uma
avaliação de qualquer governo, com apenas seis meses,
corre o risco de ser injusta, pois é um período curto.
O que a gente pode concluir até o momento, é que o
governo Bolsonaro, infelizmente para o Brasil, não
conseguiu surpreender positivamente. Na verdade,
foram seis meses de muitas crises internas criadas pelo
próprio governo e a principal constatação é que, até
agora, o governo Bolsonaro não conseguiu construir
uma base governista sólida no Congresso Nacional
para que os principais projetos sejam aprovados.
A esperança é de que daqui para frente, o governo
consiga construir essa base e de que finalmente a
boa agenda econômica do ministro Paulo Guedes,
seja implementada, começando, principalmente, pela
reforma da previdência.
SM: Quais são os principais erros e acertos do
governo Bolsonaro?
LN: O grande acerto do governo Bolsonaro é a
equipe econômica, que é muito qualificada, liderada
pelo economista Paulo Guedes. Outro acerto é a
agenda econômica, muito positiva, liberal, que
prevê um enxugamento do tamanho do Estado, uma
diminuição da máquina pública, mais espaço para o
setor privado e menos protagonismo do setor público,
além de prever privatizações das estatais, concessões
de infraestrutura com a participação dos investidores
privados, tanto nacionais quanto estrangeiros, uma
agenda que prevê menos burocracia, mais facilidade
para empreendedorismo, melhor ambiente de
negócios, menos insegurança jurídica com regras
claras para os investidores que querem apostar
no Brasil, uma agenda que prevê simplificação
tributária, prevê um equilíbrio das contas públicas,
que é fundamental para que o Brasil possa resgatar
a confiança dos investidores. Então, eu diria que os
principais acertos estão na área econômica, embora
ainda não seja possível implementar essa agenda
econômica por conta de uma falta de articulação
política do governo que permita que ele tenha uma
base ampla e sólida no Congresso Nacional para que
esses projetos sejam aprovados.
Em relação aos erros, acho que foram vários até o
presente momento. O primeiro deles é, obviamente,
a falta de uma boa articulação política, o governo
não tem um grande articulador político, o presidente
Bolsonaro em que pese tenha experiência em ter sido
deputado federal ao longo de 28 anos na câmara
dos deputados, ele particularmente não lidera essa
articulação política e os seus auxiliares até agora não
têm mostrado competência para isso, nem o ministro
Onyx Lorenzoni conseguiu, nem o ministro Gustavo
Bibiano, que já caiu, também não conseguiu ser um
líder de articulação política. Agora, curiosamente, essa
missão está nas mãos dos militares. Sinceramente, eu
tenho dúvidas se os militares têm essa capacidade de
gerar uma boa articulação política com o congresso.
Outro erro que eu gostaria de destacar do governo
envolve o ministério da educação. Nós tivemos nos
primeiros cem dias um ministro que foi uma tragédia
e não fez nada de positivo para a pasta. Agora,
assumiu um segundo ministro que também não
apresentou nenhum resultado positivo, ao contrário,
tem protagonizado cenas ridículas em redes sociais
7 | SUPERMIX | EDIÇÃO 173