Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 32
relacionamento. Felizmente, o Departamento de
Estado está apto a conduzir uma efetiva coordenação interagências por contar com uma cultura
institucional de inclusão e porque tal coordenação
é um requisito para a execução da política externa,
tanto em Washington quanto no âmbito da “equipe
de país”, que atua naquela nação em particular [e
inclui representantes de diversas agências sob a
direção do embaixador — N. do T.]
Proponho duas soluções para sanar as deficiências na coordenação entre os Departamentos de
Estado e Defesa. A primeira solução é que cada
organização designe alguns de seus integrantes
para o principal órgão de planejamento da outra
no início do processo. A outra solução envolve
ampliar os programas de intercâmbio de pessoal
existentes e implementar uma estrutura de incentivos para atrair talentos para essas funções. De
modo geral, uma efetiva coordenação interagências (isto é, o funcionamento harmonioso das
partes para a obtenção de resultados efetivos) só
pode ser alcançada quando todos os parceiros
estão dispostos a trocar informações e a trabalhar
juntos em prol de um objetivo comum3.
Por que o Departamento de Estado é
Fundamental?
O conjunto específico de responsabilidades,
habilidades e cultura do Departamento de Estado
influencia sua abordagem em relação à crise na
Síria. Cabe lembrar que sua missão (e responsabilidade) é empregar a diplomacia para “criar um
mundo mais seguro, democrático e próspero para
o benefício do povo norte-americano e da comunidade internacional”4. O Departamento de Estado
utiliza os seguintes princípios básicos para guiar sua
abordagem em relação ao cumprimento da missão.
Primeiro, concentra-se em desenvolver e
manter relacionamentos bilaterais e multilaterais
com parceiros e instituições internacionais.
Segundo, empenha-se em proteger a nação
contra ameaças transnacionais, como o terrorismo, a pobreza e doenças.
Por fim, aspira a promover um mundo mais
democrático e próspero, integrado à economia
mundial.
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Cabe reiterar que o Departamento de Estado
emprega o elemento diplomático do poder
nacional para cumprir a política externa e os
objetivos de segurança nacional dos EUA.
No caso da Síria, a diplomacia apoia “as aspirações do povo sírio por uma transição liderada
por sírios a um [país] democrático, inclusivo e
unificado”5. Essa missão tem sido extremamente
difícil de cumprir em meio a uma guerra civil,
e o desafio foi agravado pela decisão, por parte
dos EUA, de fechar a embaixada em Damasco,
em fevereiro de 2012. Atualmente, os diplomatas
norte-americanos precisam trabalhar junto a
parceiros internacionais, e por meio deles, para
criar as condições para o sucesso na Síria.
Essa situação ressalta uma das maiores limitações do Departamento de Estado: o fato de
os diplomatas dependerem das Forças Armadas
dos EUA, de terceirizados e de parceiros multinacionais para sua segurança física ao buscarem
os objetivos da política externa. O reduzido
acesso ao país limita, de modo significativo, as
alternativas do Departamento de Estado para
garantir a segurança dos MANPADS, apoiar
o povo sírio e defender os EUA contra várias
ameaças transnacionais.
Embora o ambiente de segurança restrinja,
severamente, sua atuação, o caráter inclusivo
do Departamento de Estado o torna efetivo na
coordenação de uma resposta internacional para
proteger os MANPADS na Síria, para que não
caiam nas mãos de terroristas e outros atores
não estatais. O Departamento de Estado tem
assumido um papel de liderança na coordenação
junto a parceiros internacionais, tanto bilateral
quanto multilateralmente, na preparação para a
provável proliferação de MANPADS oriundos
dos estoques sírios após um colapso do regime
de Assad. Especificamente, conduziu debates
detalhados com os principais aliados dos EUA,
conhecidos como “Cinco Olhos” (além dos
EUA, Canad