Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 71

ENSINO MILITAR programa federal norte-americano, relacionado ao ensino fundamental — N. do T.] disseminou-se entre os alunos, refletindo a impressão amplamente difundida de falta de rigor e de concludentes de ILE claramente menos capazes que os de antes de 200417. O atual padrão do CGSC coloca os alunos em um período “probatório”, caso recebam um conceito final de C+ (“abaixo da média”, variando de 78 a 79,99) ou U (“insatisfatório”, abaixo de 70) em uma disciplina. Exige-se uma comissão de avaliação acadêmica, no caso de uma terceira nota final C+, C (“mínima”, entre 70 e 77,99) ou abaixo; ou de uma segunda nota U18. Qualquer nota U exige uma recuperação antes da conclusão do curso, mas também coloca tal aluno em desvantagem, por ter de retomar os materiais da disciplina em que foi reprovado, enquanto tenta acompanhar o ritmo dos colegas de turma. Em vez do atual sistema, o aluno que recebesse duas notas finais de C+ ou C ou qualquer nota U ao terminar uma disciplina deveria ter sua matrícula naquela fase do ILE cancelada imediatamente, sem prejuízo a seus demais direitos. Em vez de gastar tempo e energia em comissões de retenção acadêmica para conservar alunos que apresentem um fraco desempenho e que talvez nunca alcancem seus colegas em termos intelectuais, educacionais ou profissionais, essas comissões só deveriam ocorrer em circunstâncias realmente atenuantes. Os que desejem concluir o ILE precisam começar seus estudos com suficientes habilidades acadêmicas, profissionais e de comunicação para atender aos padrões, sem exceção. Os efeitos agregados de um modelo de desligamento de curso no ensino profissional militar, acrescidos a rigorosos critérios de admissão, desafiariam os alunos ao criarem um ambiente intelectualmente rigoroso, para promover maior autodisciplina. Um modelo de desligamento também contribuiria para resolver a diferença de prestígio mencionada pelo Gen Brown. Mudança Nr 4: O ILE como Ferramenta de Colocação Outra norma cultural do Exército dos EUA com respeito ao ILE é a de que o tempo dedicado ao estudo é um descanso dos deveres, em vez de consistir em uma preparação para futuras responsabilidades. Um indício dessa norma é a expressão “só é muita leitura para quem ler”, um comentário comum entre os alunos do ILE19. A MILITARY REVIEW  Julho-Setembro 2016 prevalência dessa expressão também reflete a relativa falta de importância dada às notas em cursos do ILE, validando a observação de Brown quanto a uma abordagem herdada da “Era Industrial”, voltada à produção em massa de forças20. Em vez disso, o desempenho acadêmico deveria ser um importante fator na designação de funções após a conclusão do ILE. O documento Army Vision (“Visão do Exército”) de 2015 determina que o Exército dos EUA deve “comprometer-se com políticas de pessoal que melhor desenvolvam e administrem seus militares e civis, a fim de otimizar o desempenho individual, atender melhor às necessidades de alocação de pessoal e assegurar a saúde e bem-estar da Força”21. Vincular o desempenho acadêmico no ILE a futuras designações seria um passo significativo para promover todos esses objetivos e, ao mesmo tempo, lidar com as atuais normas culturais que desvalorizam as notas no ILE. Também exigiria adaptar as políticas de pessoal para levar em consideração essas notas, incluindo o redirecionamento de oficiais que apresentassem uma queda significativa no desempenho acadêmico durante o ano. O atrito resultante da implantação desse sistema seria compensado pelos ganhos que seriam obtidos com a alocação de concludentes do ILE com determinadas habilidades e desempenho acadêmico às unidades que mais as necessitassem. Atrelar o desempenho dos alunos do ILE às designações subsequentes também forneceria um incentivo tangível para que eles maximizassem seu esforço durante o curso. O Benefício Os desafios da complexidade e da incerteza no ambiente de segurança atual e futuro, aliados aos efeitos em cascata do desenvolvimento de líderes sobre o resto da Força, requerem que o Exército dos EUA tenha a coragem de preparar os oficiais intelectualmente para enfrentá-los. Revitalizar o lugar que o CGSC ocupa no ensino profissional militar é um passo crucial para preparar a Força para o futuro, por meio tanto de seus alunos quanto de seus instrutores. Mudar o sistema ofereceria alguns benefícios imediatos. Primeiro, um exame de admissão e a pontuação no GRE, aliados a uma comissão de seleção, identificariam e serviriam melhor àqueles oficiais mais aptos a se beneficiarem dos recursos singulares disponíveis em Leavenworth. A quantidade de alunos nos campi 69