Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 36

Considerando que as forças de segurança africanas consistem principalmente em exércitos e forças policiais, as forças terrestres norte-americanas precisam assumir a liderança em missões que as apoiam. Ao apoiar missões no interior realizadas por forças terrestres e meios civis para realizar as tarefas principais do AFRICOM, o cruzador auxiliar modularizado seria um meio de projeção de poder, ao invés de um meio empregado somente para missões navais. Algumas missões baseadas mais em terra podem ser realizadas por forças americanas que permaneceriam em um cruzador auxiliar modularizado quando a opinião local, ou os níveis de ameaça, tornasse o desembarque impossível, até mesmo uma presença terrestre temporária. Neste caso, a embarcação iria entrar no porto ou ficar no alto mar. As missões mais longas podem ser conduzidas por pessoal e conjuntos de missão depositados na terra por meses — na costa ou no interior — por meio de transporte aéreo ou terrestre fornecido por terceirizados. O desembarque de elementos em terra permitiria que o cruzador auxiliar modularizado pudesse se mover para outras localizações e outras missões. Os conjuntos de missão de forças terrestres empregados por pequenos destacamentos do Exército, do CFN ou de tropas do Comando de Operações Especiais podem prover uma opção de força terrestre na área para apoiar a segurança local em uma missão não militar, ou como uma força de reação rápida para as forças alinhadas regionalmente do Exército. Às vezes, os Estados Unidos precisam de ajuda para lidar com uma crise no exterior, sem o uso de suas forças militares. Quando apropriado, os Estados Unidos podem apoiar os aliados ao prover módulos de missão em contêineres. Por todo o continente africano, seria uma vantagem usar os cruzadores auxiliares modularizados para as seguintes tarefas-chave reconhecidas pelo AFRICOM: Enfrentar organizações extremistas violentas e as suas redes, Apoiar a construção das instituições da defesa, Fortalecer a segurança marítima, Apoiar operações de apoio à paz, Apoiar operações humanitárias e resposta aos desastres; e Agir contra o tráfico ilícito [de terroristas, pessoas, narcóticas e armas]20. • • • • • • 34 Enfrentar organizações extremistas violentas. Muitos leitores estão familiarizados com exemplos de grupos insurgentes que ameaçam os interesses dos EUA e dos seus parceiros na África. Por exemplo, as insurgências na Líbia, Somália, Mali e Nigéria já mostraram que governos fracos ou em via de fracassar com uma capacidade militar inadequada podem facilitar o surgimento de organizações jihadistas. Um grupo insurgente menos conhecido é o Exército de Resistência do Senhor. Esse grupo “sequestrou pelo menos 66.000 crianças e jovens ugandenses entre 1986 e 2005” e desalojou quase dois milhões de pessoas no norte da Uganda, induzindo o Departamento de Estado a chamá-lo “um dos grupos armados mais antigos, mais violentos e persistentes da África”21. O Exército de Resistência do Senhor se originou na Uganda, em 1986, e atuava lá até que foi empurrado para o oeste até a República Democrática do Congo e a República Centro-Africana (e, com o tempo, a República do Sudão do Sul), onde, já em 2011, mais de 465.000 pessoas foram desalojadas ou estão morando como refugiados22. Os horrores do genocídio na Ruanda, há duas décadas, bem como as matanças em andamento na região de Darfur, do Sudão, são advertências que ódios étnicos são uma ameaça potencial contra a estabilidade. Os cruzadores auxiliares modularizados com conjuntos de missão de combate e de apoio podem realizar uma gama de missões de contraterrorismo diretas contra grupos como o Exército de Resistência do Senhor, como ataques aéreos (com e sem tripulação), ação direta por forças especiais e assessoria para as forças locais. Além disso, podem prover funções essenciais de combate e de apoio para capacitar os aliados a realizarem tais missões. Se as informações indicassem ameaças contra os interesses ou instalações dos EUA, o AFRICOM poderia desdobrar, de Djibuti e da Espanha, forças terrestres do Exército ou do CFN (ou equipes de segurança do Departamento de Estado), junto com elementos aéreos embarcados em um cruzador auxiliar modularizados, para estarem em uma posição para prevenir ou reagir contra um ataque terrorista. Apoiar a construção das instituições da defesa. Ajudar os participantes locais, nacionais e regionais a treinar as forças de defesa que fortalecem a estabilidade, em vez de miná-la, é essencial para evitar que problemas na África explodam em grandes crises. As Julho-Setembro 2016  MILITARY REVIEW