aborrecimento por assuntos que não lhes interessavam.
− Sim, uma coisa menor – cortou rapidamente o mais velho dos dois. – Procuramos o responsável. Um homem atarracado, de mau aspecto …
− Não vi ninguém que se assemelhasse.
− Julguei que assim fosse. Mas, por protocolo, teremos de revistar o local. Compreende, estamos a fazê-lo com todos os edifícios das redondezas.
A relojeira falseou os queixumes preocupados, contendo aqueles que verdadeiramente desejava expressar ao ver as mãos inábeis mexerem-lhe nos relógios. Que esperavam ao levantar os engenhos que se prendiam à parede? Uma passagem escondida? Que o próprio procurado lhes saltasse por entre roldanas?
a outra recuperava as roupas e as ia enfiando pelo corpo. – Nem quero.
A mulher assentiu. − Obrigada, irmã. Já fizeste muito. Mina enregelou ante o vocativo. − Não sou tua irmã.
A gargalhada veio contida. Novamente de costas para ela, a mulher refazia o coque como podia.
− Uma submersa? Não perdes o cheiro. – Desistiu do cabelo, deixando algumas ripas fora do penteado. Os olhos avelã encararam-na, curiosos. – Não foi por isso que me ajudaste?
O aroma a lavanda intensificou-se. O cheiro de uma bruxa sentido por uma bruxa. A presunção da outra não fora correcta. Não era uma submersa, não rejeitara os seus poderes nem
O oficial mais novo – e mais desleixado – aproximou-se da cortina amarela.
− Espe …!
Viu-o afastar-se, as bochechas tingindo-se de rubro. O aviso de Mina não chegara a tempo, não o impedindo de ver fosse o que fosse que a mulher que albergara teatralizara para o afastar.
− Nada – conseguiu tossicar para o companheiro. – Tudo limpo.
− As nossas desculpas pelo incómodo – formalizaram, antes de abandonarem a relojoaria ao som do sino.
− Homessa – murmurou Mina, trancando a porta atrás deles e virando a tabuleta de“ Fechado”. Não demorou a disparar em direcção aos fundos, compreendendo, assim que afastou a cortina, o que tinha atarantado o oficial.
A mulher encontrava-se de costas para si, o coque agora solto, libertando-lhe os cabelos costas abaixo. Olhava-a por cima do ombro, uma covinha acompanhando-lhe o sorriso. Estava escandalosamente nua.
Não admira que o homem tenha ficado maduro, considerou Mina.
− Não te posso manter aqui – alertou, enquanto procurava ignorar aquilo que era. Mas para continuar a fazer o que desejava precisava de cortar com tudo o que a poderia denunciar. Viver entre os seus, numa sociedade que as ilegalizava e perseguia, era colocar-se na linha de fogo. Prescindir de um coven fora um dos sacrifícios com que tivera de arcar. Não iria reabrir aquela ferida.
Todavia, não pudera rejeitar ajuda a uma das suas.
− Foi – admitiu. – Mas não posso fazer mais que isso. Por favor, não voltes.
− A descrição que te deram não foi de mim, não tens a mínima curiosidade em …?
− Não.
A resposta saíra-lhe mais cortante do que pretendia. Mordeu o lábio inferior, recuando um passo. Tinha uma marcação para dali a uns minutos. Precisava que a outra se fosse embora antes que o cliente chegasse. Precisava que ela desaparecesse antes que os oficiais decidissem regressar. Precisava … Precisava de controlar o medo.
− Helena Barros – tentou novamente a outra, estendendo a mão na sua direcção. Mina abanou