A participação da psicologia e dos profissionais psicólogos no combate ao racismo nas instituições de saúde é de inegável importância. Além do fato dessa responsabilidade estar preconizada nos princípios éticos do Conselho Federal, os psicólogos nos centros de saúde estão em contato direto com a população negra, até porque ela é 'SUS-dependente', viabilizando completamente a construção de um campo de reflexões e ações em prol dessa questão.
Torna-se evidente a responsabilidade que tem o profissional psicólogo em centros de saúde pública no que diz respeito ao combate ao racismo, uma vez que ele lida diretamente com sujeitos e coletivos que sofrem diversos e diferentes tipos de opressão, preconceitos e discriminação, o que afeta gravemente sua saúde mental e física.
Quando a questão é vincular o racismo às instituições, o tema se torna complexo, uma vez que as instituições públicas devem se pautar por princípios de igualdade na diversidade, que são integrados ao seu ambiente e reproduzidos em forma de discurso pelos gestores e funcionários.
É bem preocupante o desconhecimento dos profissionais sobre as vulnerabilidades daqueles coletivos com relação à saúde: uma das pessoas entrevistadas disse que não saberia falar sobre "nenhuma" das doenças que afetam de forma mais pontual a população negra e que "nem imaginava" que essas diferenciações pudessem acontecer. Dos sete entrevistados, apenas dois assinalaram anemia falciforme como sendo mais incidente naquela população, e nenhum deles soube falar sobre outras patologias, nem mesmo as psicológicas decorrentes dos preconceitos e discriminação.
Nas instituições de saúde, o racismo institucional se faz presente nas políticas que ignoram os diferentes perfis de adoecimento e morte entre brancos e negros; na formação dos profissionais que não inclui o debate sobre as questões raciais; no mau atendimento traduzido pela falta de atenção, descaso, ou por outras formas sutis de preconceito, como olhares, silêncios.
(A contribuição da psicologia para o combate ao racismo nas instituições de saúde pesquisadas deixa claro, que a clínica é o espaço para o tratamento de situações que possam surgir e quem envolvam o racismo: a "escuta", "o tratamento humanizado", "o foco na questão do sujeito", "resgate do ser humano", "estruturar isso com a subjetividade que ele está trazendo", são termos, que de maneira geral, devem ser bem utilizados.
No entanto ainda não existem ações efetivas e nem preocupação com o tema do racismo e a saúde como se deveria.)