maGASine, edição nº12 | Page 17

PARCEIROS | 17 A Estratégia está desenhada de 2009 a 2015. Há alguma previsão do que vai acontecer? Não sabemos! Não sabemos se continua como projeto, como medida de política social ou até se continua nos mesmos termos. O que sabemos é que as pessoas estão empenhadas em que este processo, tal e qual o concretizamos, continue. Com este modelo ou com um próximo, com mais ou menos plataformas, penso que as pessoas perceberam que este fenómeno só se combate assim: evitando a reprodução do problema, com uma estratégia. Em que se verifica, na vida da pessoa em situação de sem abrigo, o impacto do trabalho em rede? Só aquela pessoa que vai a uma segunda instituição tentar obter mais recursos e vê que quem o atende já conhece o caso, é que percebe que há um trabalho em rede. Percebem que tem havido mais facilidade para aceder a diferentes recursos. Por exemplo, se eu encaminhar alguém para um local para obter alimentação, ele já não tem que fazer uma entrevista a ver se fica nesse sítio, já há uma rede montada. “O discurso deve ser sempre de afeto” E qual é o papel das organizações voluntárias nesta rede? As organizações voluntárias entram na estratégia exatamente como entram as instituições privadas de solidariedade social. Havia grupos de organizações que já existiam como pessoa coletiva e grupos de amigos que andavam na rua, a distribuir bens, e foram todos incluídos. Eu acho que tem que ser tudo feito com as organizações voluntárias, inclusive o acompanhamento social. Há uma parte que o voluntário pode assumir, ainda que não seja trabalho técnico: por exemplo, o acompanhamento a uma consulta ou a visita a um familiar. O que é importante neste acompanhamento é que o discurso seja convergente com o discurso técnico. A palavra que passou a imperar, entre técnicos e voluntários, é o afeto: por muito que a pessoa minta, que não esteja de acordo com muitas coisas, que diga mal da instituição que o está a acompanhar, o discurso deve ser sempre de afeto para não se perder a pessoa.