Lê e ler Agosto, 2017 | Page 15

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Amigo, por definição, é sempre aquele que demonstra afeto, que ama o outro. É aquele que fica por perto, que dá a mão, que oferece apoio e ombro sem impor condições. Amigo, no entanto, não é o que erra, não é o que esquece e não é aquele que ri quando algo incomum acontece. Bom, há ressalvas.

Desde pequena, aprendi que amizade se faz. Não é coisa do destino, da barriga de duas mães ou coisa que ensinam na escola. Desde cedo aprendi que amizade não se força e que ter um amigo é sinônimo de cumplicidade. E isso não significa estar presente o tempo inteiro. Não fisicamente. Um amigo, um cúmplice, é uma pessoa que faz parte da sua vida. Não importa o endereço.

Um amigo pode estar tão longe quanto o seu reflexo e tão perto quanto uma amizade virtual. O que define o grau de lealdade, que se adquire com o tempo e com a convivência, é a importância que conferimos ao outro. Isso me faz pensar no quanto julgamos nossos amigos baseados no que esperamos deles e no tanto que perdemos amizades pelo que achamos inaceitável. Afinal, o que é inaceitável? Amizade não significa crescer juntos? Amar o outro?

Amigo, pra mim, é quem está por perto quando eu não preciso, mas chega antes de mim quando a realidade aperta. É aquele que ri comigo e chora se preciso. Aquele com quem troco confidências sem medo de ser mal interpretada – ou preparada pra me explicar. Amigo, pra mim, é a pessoa a quem posso conferir outra chance.

Desde pequena cultivo a mesma ideia. Se a visão é romântica, não sei. Mas, com o tempo, sei que aprendi algo importante: amizade não faz gênero. Quando tem que ser, apenas é.

* Carolina Gama é escritora no blog Ensaiando

Quando tem que ser